O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, disse no início da noite desta segunda-feira (21) ser contrário à entrada da Venezuela nos Brics.
“Eu não defendo a entrada da Venezuela. Acho que tem que ir devagar. Não adianta encher de países, senão daqui a pouco cria um novo G-77”, disse Amorim.
De acordo com ele, é preciso que os Brics sejam ampliados com países com perfis que possam contribuir dentro de um contexto de um mundo “polarizado e multipolar”.
“A entrada de novos países tem que ser muito bem estudada. Precisa de países que possam contribuir. Ter uma concepção estratégica das admissões. Lembrar que o mundo vive dias guerras com potencial de escalarem para guerras mundiais. Então, o critério de admissão é mais importante do que o país em si”, afirmou.
O Brasil porém ainda analisa sua posição formal. O assunto será tratado nesta semana na Cúpula dos Brics, que ocorre na Rússia.
Segundo diplomatas diretamente envolvidos na negociação, o tema Venezuela ainda está sendo avaliado. Há possibilidade de o Brasil vetar o país em razão da postura adotada pelo governo chavista nas eleições deste ano. O Brasil exigiu a apresentação das atas eleitorais, mas o regime de Nicolás Maduro nunca as divulgou.
Por outro lado, o cálculo político que a diplomacia brasileira vem fazendo é até que ponto um veto formal do Brasil seria visto como um rompimento com o país vizinho e também se o veto teria algum efeito prático, tendo em vista que a China, a Rússia e o Irã vêm defendendo a adesão da Venezuela.
O Brasil tem demonstrado nos bastidores mais interesse na entrada de Colômbia e Cuba.
O caso da Venezuela porém é visto no Itamaraty como distinto da Nicarágua, cujo regime comandado por Daniel Ortega expulsou o embaixador brasileiro. O Brasil retaliou com a expulsão do embaixador da Nicarágua no Brasil.
Fundado em 2014, a entidade que reúne os Brics reunia inicialmente, apenas Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Em 2021, Bangladesh, Emirados Árabes e Egito foram incluídos como membros. Em 2023, houve consenso para que outros cinco países entrassem: Argentina, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos e Irã. (Foto: REUTERS/Andressa Anholete)