Datafolha: Boulos lidera, Marçal cresce e empata com Nunes

Os três candidatos estão em empate técnico, de acordo com a pesquisa divulgada nesta quinta-feira

 

A penúltima pesquisa do Datafolha antes do primeiro turno em São Paulo mostra proximidade entre Guilherme Boulos (PSol), que lidera com 29% dos votos válidos; Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB), que aparecem a seguir, com 26% cada. Os três estão tecnicamente empatados pela margem de erro, de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A mesma situação era apontada em levantamento divulgado pela Quaest na segunda-feira (30).

De acordo com o levantamento, Boulos variou um ponto para cima, passando de 25% para 26%; Nunes caiu três pontos, de 27% para 24%; e Marçal subiu três pontos, de 21% para 24%. A candidata do PSB, Tabata Amaral, passou de 9% para 11%, enquanto José Luiz Datena (PSDB) teve uma queda de 6% para 4%.

O levantamento, solicitado pela TV Globo e pelo jornal Folha de S.Paulo, foi conduzido entre os dias 1º e 3 de outubro, com entrevistas presenciais realizadas com 1.806 pessoas acima de 16 anos na cidade de São Paulo. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada na Justiça Eleitoral sob o protocolo SP-09329/2024.

Praticamente um a cada cinco pessoas aptas a votar em São Paulo (18%) ainda não sabe dizer de bate-pronto o nome de seu candidato favorito, e 24% admitem que ainda podem mudar de ideia até a hora de efetivamente apertar o “confirma” na urna eletrônica. Os apoiadores de Boulos são os que se dizem mais convictos de suas escolhas (85%), taxa semelhante à dos que escolhem Marçal (80%). Já Nunes (74%) e Tabata (59%) têm eleitores menos decididos, o que torna esses grupos mais vulneráveis ao assédio dos demais candidatos.

O equilíbrio demonstrado a três dias do voto reforça a importância do evento desta noite, último grande palco para os candidatos se apresentarem ao eleitorado. O novo encontro entre os adversários, organizado pela TV Globo, começa às 22h.

 

Disputa no ninho bolsonarista

Os resultados da nova pesquisa acendem uma luz amarela mais intensa para a campanha de Nunes, que mede forças com Marçal no eleitorado de direita. O emedebista recuou de 39% para 32% dentre os que votaram no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022, enquanto o candidato do PRTB avançou de 43% para 51% nesse núcleo. Nunes agora também é superado por Marçal junto ao eleitorado de Tarcísio de Freitas (Republicanos), apesar da presença constante do governador em atos de campanha e na propaganda do candidato à reeleição.

O ex-coach marca 46% das intenções de voto entre aqueles que apoiaram Tarcísio contra Fernando Haddad (PT) em 2022, contra 35% de Nunes nesse estrato. O candidato à reeleição também teve variações negativas entre os homens (quatro pontos para baixo, enquanto Marçal avançou quatro pontos); os mais jovens (quatro pontos a menos para o prefeito, e oito a mais para o ex-coach); e entre os que cursaram só o ensino fundamental (três pontos a menos para Nunes, e três a mais para Marçal).

Em suas propagandas no rádio e na TV, Nunes reforçou nas últimas semanas seus ataques a Marçal. Uma de suas inserções recentes destaca declarações consideradas machistas do ex-coach, buscando aprofundar a rejeição do eleitorado feminino ao adversário. No geral, são 53% dos eleitores os que dizem não votar “de jeito nenhum” em Marçal, taxa que vai a 59% entre as mulheres. O candidato do PRTB é o nome mais rejeitado da disputa paulistana, bem à frente de Datena (39%), Boulos (38%) e Nunes (23%).

Marçal anunciou duas mulheres para seu eventual secretariado num gesto que busca atrair a simpatia desse mesmo segmento. O ex-coach ganhou nos últimos dias declarações de apoio de parlamentares bolsonaristas e tem a seu favor a possibilidade de aparecer mais que seus adversários nesta reta final de campanha, já que é quem mais tem público nas redes sociais e o horário eleitoral termina hoje.

 

Voto útil da esquerda

No campo da esquerda, Boulos e Tabata passaram a travar uma disputa sobre a narrativa do “voto útil”. Um grupo de artistas e intelectuais que apoiam o psolista defendeu em manifesto o voto em Boulos para evitar um segundo turno com dois “bolsonaristas”, tese que Tabata rechaça ao afirmar que o adversário não tem chances em um eventual confronto com o atual prefeito.

Nas simulações feitas pelo Datafolha, Boulos é derrotado por Nunes, mas supera Marçal num confronto direto. O candidato à reeleição tem vantagem contra os dois adversários nos testes feitos pelo instituto. O temor da campanha de Boulos é que a variação positiva de Tabata seja capaz de tirar votos que hoje são prometidos ao psolista, mas até o momento isso não se efetivou. Boulos, enfim, conseguiu avançar junto ao eleitorado mais pobre, que ganha até dois salários mínimos por mês, e agora empata nesse segmento com Nunes (Boulos tem 24% das menções, contra 30% do prefeito). Tabata se manteve com os mesmos 9% de intenções de voto no grupo.

Os apelos dos apoiadores de Boulos por um “voto útil” dos eleitores de Tabata também têm potencial de persuasão limitado pelo fato de que aqueles que escolhem a deputada federal não necessariamente demonstram alguma afinidade com o psolista. Dentre os eleitores de Tabata que topam mudar de voto, 31% dizem que sua segunda escolha é Boulos, e 29% apontam Nunes. Num eventual segundo turno entre os dois, 45% dos apoiadores da candidata do PSB migram para o voto em Boulos, e 40% vão para o atual prefeito.

(Foto: Reprodução/Exame)

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