Por 10 a 2, Conselho de Ética aprova processo contra Glauber Braga

O deputado do PSol terá um prazo de dez dias úteis para apresentar sua defesa. Em abril deste ano, Glauber Braga empurrou e expulsou das dependências da Câmara dos Deputados o militante Gabriel Costanero, do MBL, após ter sido abordado e insultado pelo rapaz

 

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (11), a abertura de processo contra o deputado Glauber Braga (Psol-RJ). O parlamentar é acusado de quebra de decoro após episódio, no dia 16 de abril, em que expulsou da Câmara, aos pontapés, o militante do Movimento Brasil Livre (MBL) Gabriel Costenaro.

A votação aconteceu após uma hora de discussão no Plenário 13. Antes, Glauber declarou que iria continuar na luta política, “fazendo denúncias de abusos como esse”. Com placas de “Glauber Fica”, dezenas de pessoas se reuniram na sessão em defesa do parlamentar.

O relatório tem autoria de Paulo Magalhães (PSD-BA), que estava presente e se manifestou a favor da continuidade do processo. A representação, movida pelo Partido Novo, foi aprovada por dez votos a favor. Apenas dois deputados se opuseram à abertura do processo. No documento, a sigla ressaltou que Glauber Braga não se arrependeu da agressão e destacou outro processo que o parlamentar enfrenta no colegiado.

“O comportamento destemperado, agressivo e desrespeitoso do parlamentar para com esta casa e seus representantes não são inéditos. Já existe neste conselho de ética representação contra o mesmo parlamentar por agressão ao Deputado Federal Abilio Brunini”, escreveu o partido na representação.

O deputado Luiz Lima (PL-RJ) disse, contrariando a orientação do seu partido, que não concordava com a ação movida contra o deputado por se tratar de um ato extremo. “É claro que houve um desvio de conduta, a gente não pode agir dessa forma. Sou favorável a uma punição, mas a cassação é um ponto extremo. Sou a favor de uma punição ao deputado Glauber, bem como eu seria a qualquer outro deputado, seja de esquerda ou de direita, que agisse da forma como ele agiu na Câmara dos Deputados”, complementou, afirmando ser também a favor da admissibilidade.

Além destas manifetações, o deputado Alexandre Leite (PL-SP) disse que vai pedir a suspensão cautelar do mandato do psolista. “Eles querem que eu aceite a chantagem, que eu diminua o tom da defesa, que eu não faça luta política para no final dizer: ‘Independentemente de tudo, não dá para salvá-lo, porque o ato cometido por ele foi repreensível'”, contestou Glauber Braga acerca do anúncio de Alexandre Leite.

O deputado também argumentou que a continuidade do processo se trata de “uma articulação de Arthur Lira”, presidente da Casa, com quem tem desavenças públicas. “Vossa Excelência [o relator] faz isso por intermédio direto do presidente Arthur Lira, que já disse e repetiu por inúmeras vezes que queria me tirar da Câmara dos Deputados”.

“Por que Arthur Lira quer me tirar da Câmara dos Deputados? Porque eu sou uma das vozes  que denuncia publicamente aquilo que ele faz. E eu não posso deixar de fazê-lo”, completou o parlamentar.

O nome do presidente da Câmara dos Deputados, deputado Arthur Lira, foi mencionado outras diversas vezes ao longo da sessão, apontado como o responsável pela articulação do pedido de cassação. Estiveram presentes no Plenário Alexandre Leite (União-SP), Chico Alencar (PSol-RJ), Kim Kataguiri (União-SP) e o deputado Leur Lomanto Júnior (União-BA), que presidiu a sessão.

No episódio da agressão, o militante do MBL Gabriel Costenado vinha provocando o parlamentar com xingamentos. O deputado se exaltou quando o militante atacou a sua mãe, ex-prefeita de Nova Friburgo (RJ), acusando-a de “corrupta”. Sobre o ocorrido, Glauber declarou: “Não me orgulho daquilo que fiz, mas não me arrependo”. Costenaro atualmente está em campanha política na cidade do Rio de Janeiro pelo Novo, partido autor da Representação contra Glauco.

O documento final sobre a decisão será entregue ainda hoje a Glauber. Após essa etapa, o encaminhamento do processo pode durar até 50 dias. O próximo passo será a entrega da defesa pelo deputado, em até 10 dias. Em seguida, será necessário que o parlamentar junte provas e até 8 testemunhas para argumentar a seu favor.

(Foto: Lula Marques/Agência Brasil)

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