O presidente está em Manaus (AM) para tratar da emergência da seca e fez uma série de anúncios durante sua passagem na comunidade de Manaquiri. Lula ainda defendeu reconstrução da BR 319, que corta a Amazônia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acompanhado por ministros, visitou a comunidade de Manaquiri, em Manaus (AM), nesta terça-feira (10) e anunciou a implantação de quatro obras de dragagem nos rios Amazonas e Solimões. O investimento de R$ 500 milhões será realizado ao longo de cinco anos para garantir a navegabilidade e o escoamento de insumos, enfrentando a severa estiagem que afeta a região. Essas ações fazem parte da resposta federal à pior seca na Amazônia em 45 anos.
Lula também anunciou a entrega de filtros de água potável e outras medidas sanitárias para comunidades ribeirinhas e destacou a importância do combate à grilagem e ao desmatamento na área. O presidente ressaltou a importância estratégica da Amazônia, afirmando: “Não queremos que a Amazônia seja apenas um santuário da humanidade, mas um patrimônio soberano do Brasil, onde a biodiversidade é estudada e os povos podem lucrar com a preservação”.
Ainda nesta terça-feira (10), Lula participará de uma cerimônia na sede da Superintendência da Zona Franca de Manaus para anunciar medidas adicionais de combate à seca na Amazônia.
BR-319
O presidente ainda se comprometeu a retomar as negociações para a reconstrução da BR 319, que liga Manaus, no Amazonas, a Porto Velho, em Rondônia. A pavimentação da rodovia é alvo de controvérsias há décadas pois cruza uma região ambientalmente sensível da floresta amazônica. Para Lula, é importante garantir que não haverá desmatamento.
“Nós queremos pactuar, o estado e a Federação. Nós vamos ter que garantir que nós não vamos permitir o desmatamento e a grilagem de terra próximo à rodovia, como é habitual acontecer nesse país. A gente faz uma rodovia, daqui a pouco estão destruindo do lado direito e do lado esquerdo, tem gente queimando, tem gente grilando, tem gente matando, tem gente criando gado onde não é necessário criar gado”, disse Lula em visita à Aldeia Kainã, do povo munduruku, em Manaquiri, no Amazonas.
“É preciso parar com essa história de achar que a companheira Marina [Silva, ministra do Meio Ambiente] que não quer construir a BR 319. Ela foi construída nos anos 70, ela foi abandonada por desleixo não sei de quem, ficou sem funcionar. Ela tem uma parte pra cá que funciona, uma parte para lá que funciona e no meio são 400 quilômetros que foram inutilizados”, acrescentou o presidente.
Lula argumentou que há cobranças internacionais para a preservação da floresta, mas afirmou que a política do governo é desenvolver economicamente a região, com sustentabilidade ambiental. “O mundo que compra o nosso alimento está exigindo que a gente preserve a Amazônia. E por quê? Porque eles estão querendo que a gente cuide do ar que eles respiram. Eles não preservaram as terras deles no século passado, quando houve a revolução industrial”, disse.
Segundo o presidente, as conversas para a retomada das obras envolverão diversos ministérios do Executivo federal, os governos locais, parlamentares e “quem mais for necessário”. “Nós temos consciência que, enquanto o rio estava navegável, cheio, a rodovia não tinha a importância que tem, enquanto o Rio Madeira estava vivo. E nós não podemos deixar duas capitais isoladas. Mas nós vamos fazer com a maior responsabilidade e queremos construir uma parceria de verdade”, completou.
(Foto: Ricardo Stuckert/PR)