Aeronave estava apta para voar em condições metereológica severas, mas controle foi perdido ao fazer curva para se aproximar de Guarulhos. A queda do avião da VoePass resultou na morte de todas as 62 pessoas a bordo
Os pilotos do avião da Voepass que caiu em Vinhedo, interior de São Paulo, e matou 62 pessoas (58 passageiros e 4 tripulantes) em 9 de agosto de 2024, comentaram durante o voo sobre o excesso de gelo nas asas da aeronave. Apesar de terem percebido o acúmulo de gelo, não foi registrada nenhuma chamada de emergência com operadores externos e a viagem seguiu normalmente. É o que revela o relatório preliminar do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), divulgado nesta sexta-feira (6).
O piloto perdeu o controle do avião ao realizar a curva de aproximação do aeroporto de Guarulhos (SP). O documento não diz se houve mau funcionamento do sistema de degelo. A manutenção do avião estava em dia e apta para voar em condições severas de voo.
A caixa-preta registrou o momento em que os pilotos relataram problemas no sistema de degelo da aeronave, responsável por remover o gelo acumulado na estrutura. O sistema teria sido acionado pelos pilotos três vezes antes do acidente. As duas caixas-pretas da aeronave, que caiu em Vinhedo (SP), foram analisadas no Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores do Cenipa. Os dados extraídos incluem gravações de voz e informações de voo, como altitude e velocidade.
Conforme relatou o Cenipa, a tripulação possuía treinamento específico para viajar em condições de gelo. De acordo com o órgão, ligado à FAB (Força Aérea Brasileira), as trocas de mensagens entre o piloto e o controlador de voo nos minutos anteriores à queda não indicavam uma situação anormal.
Houve em 2 momentos, em conversas entre o piloto e o copiloto, comentários sobre a situação das asas do avião. “Muito gelo”, disse copiloto. Segundo o relatório, o equipamento que tinha o papel de retirar o gelo da aeronave foi ligado e desligado em algumas oportunidades do voo. Ainda não é possível afirmar se os pilotos desligavam o aparelho ou se ele desligava sozinho. O Cenipa não mostrou os áudios das caixas pretas aos jornalistas que participaram da divulgação do relatório.
O piloto da Voepass solicitou permissão para se preparar para aterrissagem pela 1ª vez às 13h18, mas um voo em rota convergente, em uma altitude menor, impediu a autorização. O avião então continuou na altitude de 5.181 metros. Às 13h20, o piloto recebeu uma informação de que a aproximação seria autorizada em 2 minutos, novamente por causa de uma aeronave em rota convergente, mas em altitude menor. Entretanto, 1 minuto depois da comunicação, às 13h21, o avião começou a cair.
O relatório do Cenipa explica como o avião caiu e não tem como objetivo especificar as responsabilidades no evento. A explicação do “por que” houve o acidente ainda será investigada. Apesar da manutenção em dia, o ATR da Voepass voava sem um equipamento de voo. O órgão informou que a ausência desse mecanismo não impedia que o avião realizasse o voo nessas condições. Esse equipamento cuidava da pressurização do avião. A última revisão do avião foi realizada em 24 de junho de 2023 e a última checagem diária foi antes do voo, em 9 de agosto.
(Foto: SSPSP/Divulgação)