Henrique Acker (correspondente internacional) – Apesar da acusação de fraude por parte da Plataforma Unitária Democrática e de sua porta-voz, Maria Corina Machado, o Tribunal Superior Eleitoral (TSJ) da Venezuela confirmou o resultado eleitoral de 28 de julho, que deu a vitória a Nicolás Maduro por 51,2% dos votos válidos contra 44,2% para Edmundo Gonzalez.
O resultado da perícia das urnas e atas eleitorais foi apresentado publicamente em 22 de agosto, com a presença da imprensa internacional. O informe foi lido pela Juíza Caryslia Beatriz Rodriguez, presidente do Tribunal.
“Os boletins do Conselho Nacional Eleitoral estão respaldados pelas atas de escrutínio, por máquinas de votação utilizadas no processo”, informou Rodriguez. De acordo com a magistrada, os números das urnas eleitorais coincidem com os dados dos centros de totalização de votos.
O pedido de abertura de investigação junto ao TSJ, com a conferência das atas e urnas, foi feito por Nicolás Maduro, sob pressão dos governos do Brasil, Colômbia e México. No entanto, a oposição de extrema-direita, coordenada por Maria Corina Machado, recusou-se a entregar as atas que diz ter em mãos que comprovariam a vitória de seu candidato, Edmundo Gonzalez.
União Europeia e EUA não reconhecem resultado
Através de seu representante para Assuntos Exteriores, Josep Borrell, a União Europeia anunciou que não reconhecerá o resultado e nem a legitimidade de Nicolás Maduro como presidente reeleito da Venezuela.
“É preciso provar esse resultado eleitoral. Até agora não vimos nenhuma prova e, enquanto não virmos um resultado que seja verificável, não vamos reconhecer (a vitória)”, declarou Borrell.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Vedant Patel, afirmou que o respaldo de Supremo à vitória de Maduro não tem credibilidade. “As planilhas de contagem de votos disponíveis publicamente e verificadas de forma independente mostram que os eleitores venezuelanos escolheram Edmundo Gonzalez como seu futuro líder”.
O Presidente do Chile, Gabriel Boric, publicou na rede social X (ex-Twitter) que “não há dúvida de que estamos diante de uma ditadura que falsifica eleições, reprime aqueles que pensam de forma diferente e é indiferente ao maior exílio do mundo, só comparável ao da Síria como resultado de uma guerra”.
Impasse político
Nicolás Maduro acusa a oposição de extrema-direita de tramar um golpe contra o regime venezuelano. Para isso, contaria com os chamados “comanditos”, organizados para responder com violência aos resultados das urnas. O governo apresentou uma série de locais atacados por seguidores da extrema-direita, que teriam sido pagos para atuar no dia e logo após a eleição. Cerca de duas mil pessoas estão presas, acusadas de terrorismo.
A extrema-direita, organizada em torno da candidatura de Edmundo Gonzalez, acusa o governo de fraude eleitoral. Insiste que tem provas disso e publicou atas que estariam de posse de seus partidos num portal na internet. Além disso, desqualificou o Conselho Nacional Eleitoral e no dia 21, através de um comunicado, informou que não reconhece no TSJ competência para resolver o impasse eleitoral.
Já a esquerda venezuelana decidiu manifestar-se, lançando um comunicado conjunto em que diversas organizações, movimentos populares e partidos anunciam a formação da Frente Democrático Popular. O objetivo é unir forças, rejeitando a saída golpista apresentada pela extrema-direita e, ao mesmo tempo, refutar a política do governo Maduro, defendendo os direitos constitucionais, a soberania popular e os direitos humanos. (Foto: MiguelGutierrez/EFE)
Por Henrique Acker (correspondente internacional)
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Fontes:
Youtube – Luigino Bracci Roa desde Venezuela
Youtube – Luigino Bracci Roa desde Venezuela