Henrique Acker (correspondente internacional) – O show do Partido Democrata chegou ao fim. Foram quatro dias de muita animação, apresentações de artistas famosos, festas e discursos das estrelas partidárias. Do lado de fora do local da convenção, a dura realidade: enquanto Kamala Harris fazia o discurso final, milhares de pessoas realizavam um protesto contra o apoio dos EUA à ocupação israelense em Gaza e pediam um cessar-fogo imediato.
Como todo candidato à Presidência dos EUA, a democrata apelou ao nacionalismo ufanista ao se dirigir aos 3.900 delegados presentes. “Aonde quer que eu vá, em todas as pessoas que conheço, vejo uma nação pronta para seguir em frente. Pronta para o próximo passo, na incrível jornada que é os Estados Unidos.”
Para marcar posição contra seu adversário, Harris referiu-se a Donald Trump como “um homem pouco sério”, mas “uma séria ameaça”, condenando os ataques de seus partidários ao Congresso estadunidense em 6 de janeiro de 2021.
Kamala também investiu contra o Projeto 2025, formulado pela Fundação Heritage, que os democratas acusam de servir de base para o programa de Trump. O plano prevê a demissão em massa de servidores públicos, ampliação dos poderes do presidente, desmantelamento do ministério da Educação e de agências do governo federal, além do corte de impostos.
Na política externa, apesar de lamentar o sofrimento “de partir o coração” dos palestinos, o único compromisso que Harris assumiu foi o de garantir que Israel sempre tenha a capacidade de se defender, referindo-se ao ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023.
No entanto, o tratamento dado à questão do Oriente Médio na convenção deixa claro que a política de Biden não será alterada. Enquanto familiares de um refém israelense foram convidados a discursar, cerca de 30 delegados do próprio partido viram negada a solicitação de usarem a palavra durante o evento.
A convenção democrata cumpriu a tarefa de confirmar o nome de Kamala Harris e seu vice, Tim Walz, para a chapa presidencial do partido nas eleições de novembro. As pesquisas mais recentes indicam um empate entre Harris e de Donald Trump na corrida para conquistar os votos de cerca de 240 milhões de eleitores.
Restam 70 dias de campanha e a disputa mais uma vez deve ser decidida nos sete estados que indicam mais delegados ao colégio eleitoral que escolhe o Presidente dos EUA: Arizona, Carolina do Norte, Geórgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin. (Foto: Kevin Lamarque / Reuters)
Por Henrique Acker (correspondente internacional)
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