Ativista ficou mundialmente conhecido pela divulgação de arquivos confidenciais e militares norte-americanos. Em troca de sua liberdade, o dono do WikiLeaks concordou em se declarar culpado em um tribunal dos Estados Unidos por revelar segredos militares
Após mais de cinco anos preso na prisão de segurança máxima de Belmarsh no Reino Unido, o jornalista australiano Julian Assange, fundador do WikiLeaks, foi liberado da prisão de segurança máxima nesta segunda-feira (24). Ele deixou a prisão depois de um acordo judicial com o Departamento de Justiça dos EUA, que lhe permite evitar a prisão em território norte-americano. O WikiLeaks anunciou sua saída do país logo após a divulgação de documentos judiciais.
Assange concordou em se declarar culpado de uma acusação criminal relacionada ao maior vazamento de arquivos confidenciais do governo americano, realizado pelo WikiLeaks em 2010 e 2011. Esses documentos, fornecidos pela ex-analista de inteligência do Exército Chelsea Manning, revelaram mortes de civis no Afeganistão e no Iraque, cometidas por militares dos EUA, que não haviam sido oficialmente registradas, gerando repercussão internacional.
O acordo judicial prevê uma pena de 62 meses, correspondendo ao tempo já cumprido por Assange na prisão de Belmarsh. Esse arranjo permitirá que ele retorne imediatamente à Austrália, seu país natal, após a audiência de confissão e sentença marcada para quarta-feira (26) nas Ilhas Marianas do Norte.
A AFP diz que Assange comparecerá a um tribunal das Ilhas Marianas do Norte, um território estadunidense no Pacífico. Assange se opôs a ser extraditado para território estadunidense, onde sua defesa temia que ele poderia ser condenado até à morte. As Ilhas Marianas são um território do país no Pacífico, mais próximas da Austrália do que do continente americano. Segundo o jornal New York Times, ele comparecerá à corte da cidade de Saipan na manhã desta quarta-feira (26), rumando depois, novamente a seu país natal.
Assange estava preso no Reino Unido desde 2019, enfrentando um pedido de extradição dos EUA para responder por 18 acusações de espionagem, com uma pena máxima de 175 anos de prisão. Recentemente, um tribunal do Reino Unido permitiu que Assange recorresse de sua extradição para os EUA, uma decisão vista como uma vitória significativa para o ativista. Essa decisão foi crucial para o desenvolvimento do acordo judicial que culminou na sua libertação e permissão para deixar o Reino Unido. O WikiLeaks, em uma declaração oficial, confirmou que Assange foi libertado e embarcou em um voo para fora do país.
O site wikileaks comemorou. Veja abaixo a tradução do post publicado no X:
Julian Assange está livre. Ele deixou a prisão de segurança máxima de Belmarsh na manhã de 24 de junho, depois de ter passado 1.901 dias lá. Ele recebeu fiança do Supremo Tribunal de Londres e foi libertado no aeroporto de Stanstead durante a tarde, onde embarcou em um avião e partiu do Reino Unido.
Este é o resultado de uma campanha global que abrangeu organizadores de base, defensores da liberdade de imprensa, legisladores e líderes de todo o espectro político, até às Nações Unidas. Isto criou espaço para um longo período de negociações com o Departamento de Justiça dos EUA, conduzindo a um acordo que ainda não foi formalmente finalizado. Forneceremos mais informações o mais breve possível.
Depois de mais de cinco anos numa cela de 2×3 metros, isolado 23 horas por dia, ele em breve se reunirá com sua esposa Stella Assange e seus filhos, que só conheceram o pai atrás das grades.
O WikiLeaks publicou histórias inovadoras sobre corrupção governamental e violações dos direitos humanos, responsabilizando os poderosos pelas suas ações. Como editor-chefe, Julian pagou caro por esses princípios e pelo direito do povo de saber.
Ao regressar à Austrália, agradecemos a todos os que estiveram ao nosso lado, lutaram por nós e permaneceram totalmente empenhados na luta pela sua liberdade.
(Foto: Henry Nicholls/Reuters)