A entrega do relatório complementar apresentado pela Polícia Federal (PF) ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes sobre os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) encerra a participação dos agentes federais. No entanto, a abertura de um novo inquérito contra o ex-chefe de Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, originado do desmembramento do processo principal — não relacionado diretamente ao homicídio da parlamentar —, ainda será decidido pelo ministro. Se ele entender que cabe o compartilhamento de provas, caberá ao Ministério Público do Rio (MPRJ) tocar o caso. A PF deve repassar evidências que vieram, principalmente, de celulares e HDs apreendidos com Rivaldo para robustecer os procedimentos da promotoria, já abertos antes de a PF entrar no caso.
Os inquéritos têm também como espinha dorsal, relatórios do Conselho do Controle de Atividades Financeira (Coaf) com extratos que demonstram um crescimento exponencial da renda anual da esposa de Rivaldo, Érika Andrade de Almeida Araújo, entre os anos de 2013 e 2018. O período coincide com o período que ele esteve à frente da Delegacia de Homicídios (DH) e da Chefia de Polícia. Para a Polícia Federal, de acordo com seu relatório, há “indícios de suposta prática de crimes contra a administração pública e de lavagem de capitais” praticados por Rivaldo e sua mulher. O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRJ já investiga o caso.
Como informou o blog de Malu Gaspar, com a Polícia Federal cumprindo o seu papel constitucional — atendendo ao pedido do então ministro da Justiça, Flávio Dino, para que a instituição chegasse aos mandantes do assassinato de Marielle e seu motorista Anderson Gomes —, se encerra a sua participação. Até o pedido de Rivaldo, no qual chegou a mandar um bilhete apelando “pelo amor de Deus” para ser ouvido pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, depende de uma decisão do magistrado de aceitar ou não a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Se o ministro aceitar o pedido da PGR e decidir ouvir Rivaldo, ou mesmo os irmãos Domingos — conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro — e Chiquinho — deputado federal — Brazão, apontados como mandantes do assassinato, o depoimento será prestado diante de um representante da PGR e de um juiz que assessora Moraes. Desde que os três acusados de mando do crime contra Marielle e Anderson foram presos na Operação Murder Inc., em 24 de março, a PF não colheu seus depoimentos.
Na última quinta-feira, o encarregado de apurar os mandantes do assassinato de Marielle e Anderson, o delegado da Polícia Federal, Guilhermo de Paula Machado Catramby, entregou o relatório complementar sobre o caso. As apurações levaram cerca de um ano. (Foto/ Montagem: Reprodução)