Henrique Acker (correspondente internacional)- Novos e intensos bombardeios, com a entrada de tropas no sul de Rafah, foram lançados contra Gaza pelo governo de Israel a partir da madrugada de terça-feira, 7 de maio.
O ataque começou horas depois do Hamas ter anunciado que aceitava os termos do acordo proposto pelo Qatar e o Egito.
Pressionado pela extrema-direita sionista de seu governo, Benjamin Netanyahu concordou em iniciar a ofensiva.
Analistas políticos observam que se os ministros da extrema-direita renunciarem, Netanyahu seria obrigado a dissolver o governo e estaria sob risco iminente de ser preso por corrupção e lavagem de dinheiro, acusações que pesam contra ele.
Sob o pretexto de atacar alvos do Hamas, o objetivo da ofensiva militar é acelerar o deslocamento dos cerca de 1,5 milhão de palestinos que se aglomeram na região, liberando o terreno para novos combates. Muitos palestinos denunciam em entrevistas que o governo de Israel orientou a população a se deslocar para o sul de Gaza.
Hamas aceita acordo, Israel nega
Para desespero dos familiares e amigos dos reféns israelenses, o governo de Netanyahu rejeitou o acordo proposto pelo Qatar e o Egito, incluindo um cessar-fogo, aceito pelo Hamas horas antes da nova ofensiva militar Israel.
Fontes israelenses informaram que três pontos foram rejeitados pelas autoridades de Tel Aviv.
O governo de Israel não aceita trocar três reféns a cada semana por prisioneiros , numa primeira leva de 18 e depois outros 15. Os representantes de Israel também rejeitam que o Hamas possa indicar prisioneiros a serem libertados na troca por reféns.
Por último, o governo sionista não aceita que os palestinos se desloquem livremente por Gaza durante as semanas de trégua, sob o pretexto que o Hamas poderia movimentar seus comandados pelo território.
Paz pode levar Netanyahu à cadeia
Nem as duvidosas lamentações de porta-vozes do governo Biden e de Josep Borrell (União Europeia), ou os alertas pela paz levantados por António Guterres (ONU), foram capazes de deter o governo israelense.
Netanyahu não pode parar o conflito, porque a paz tende a acelerar a pressão interna em Israel e o andamento dos processos que enfrenta na Justiça, que podem conduzi-lo à prisão.
Nos últimos dias uma sucessão de fatos contribuíram para aumentar o isolamento internacional de Israel. As mobilizações e acampamentos de estudantes em universidades dos EUA se estenderam aos campi em diversos países, sobretudo na França e na Alemanha.
A interrupção do comércio pela Turquia e o rompimento de relações por parte da Colômbia, apesar de terem pouco efeito prático para Israel, têm repercussão política no cenário internacional. O mesmo se pode dizer do fechamento da sucursal e a interrupção das transmissões da TV Al Jazeera para Israel, o que fere abertamente a liberdade de imprensa.
ONU confirma massacre
Peritos da ONU atestaram seu “horror” com o que viram nas valas comuns nas cercanias de dois hospitais, em Gaza.
De acordo com o comunicado da ONU, “mais de 390 corpos foram descobertos… muitos dos quais parecem ter sinais de tortura, execuções sumárias e possíveis casos de pessoas enterradas vivas”.
Além de denunciar a situação de fome e os deslocamentos desumanos da população palestina, os peritos da ONU ressaltam que quase a metade dos mais de 34 mil mortos em Gaza são crianças e um terço são mulheres. Há ainda cerca de oito mil palestinos desaparecidos, mais da metade deles seriam mulheres e crianças.
O porta-voz dos Assuntos Humanitários, Jens Laerke, informou em conferência de imprensa na terça-feira, 7 de maio, que Israel negou o acesso das Nações Unidas ao principal ponto de passagem de ajuda humanitária para Rafah, na fronteira entre o Egito e Gaza. (Foto: Reprodução)
Por Henrique Acker (correspondente internacional)
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