Segundo o IBGE, apenas 60,3% dos domicílios no Norte e 61,2% no Nordeste estão em situação de segurança alimentar, números significativamente abaixo do resto do país (.
As regiões Norte e Nordeste do Brasil continuam enfrentando os maiores desafios em termos de segurança alimentar, em comparação com o restante do país. Foi o que mostrou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua 2023, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (25). Segundo o estudo, apenas 60,3% dos domicílios no Norte e 61,2% no Nordeste estão em situação de segurança alimentar, índices significativamente menores aos observados nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, que apresentam 75,7%, 77,0% e 83,4%, respectivamente.
Em números absolutos, são 2,4 milhões de lares nortistas sem pleno acesso a alimentos para suprir suas necessidades. Em 463 mil destes domicílios (7,7% do total da região) a insegurança alimentar é grave, ou seja, são famílias que no passado conviviam diretamente com o fantasma da fome. No Nordeste, são 8 milhões de residências que convivem com a redução na quantidade de alimentos consumidos, sendo 1,3 milhão com insegurança alimentar grave (6,2%).
O Pará é o estado com a maior proporção de domicílios enfrentando insegurança alimentar moderada ou grave (20,3%), seguido pelo Amapá (18,7%) e Sergipe (18,6%). Ainda no Pará, são 1,4 milhão de lares com insegurança alimentar, sendo 298 mil em situação moderada e 264 mil considerada grave. Em contraste, Santa Catarina, Paraná e Rondônia apresentam os menores índices, com 3,1%, 4,8% e 4,9% respectivamente.
Apesar da diferença considerável entre as regiões, a pesquisa mostrou que a situação de segurança alimentar no Brasil tem melhorado. Em 2023, 72,4% dos domicílios brasileiros, ou 56,7 milhões, estavam em condição de segurança alimentar, marcando um aumento de 9,1 pontos percentuais em relação ao último levantamento, de 2017-2018, quando esse número era de 63,3%.
Por outro lado, ainda existem 27,6% dos domicílios, ou 21,6 milhões de famílias, que vivem em alguma forma de insegurança alimentar. Destes, 14,3 milhões têm insegurança leve, 4,2 milhões enfrentam insegurança moderada e 3,2 milhões estão em situação grave de insegurança alimentar. Comparado com 2017-2018, houve uma redução geral, já que antes 36,7% dos domicílios enfrentavam essas condições.
Insegurança alimentar acontece quando não há o acesso garantido a alimentos suficientes, nutritivos e seguros durante todo o ano para que uma pessoa ou uma família consiga levar uma vida saudável. Diferentemente da fome, que é a falta extrema de comida, a insegurança alimentar inclui situações onde os alimentos até estão disponíveis, mas podem ser de qualidade ruim, não nutritivos ou tão caros que as pessoas não conseguem comprar regularmente. Isso pode afetar a saúde das pessoas, principalmente crianças e idosos, e impactar toda a comunidade.
As áreas rurais são as mais impactadas, com uma taxa de 12,7%, ainda que essa seja a menor taxa já registrada desde que as pesquisas começaram. Quanto à distribuição racial, 54,5% dos chefes de domicílio em situação de insegurança são pardos, enquanto 29,0% são brancos e 15,2% pretos.
Essa pesquisa é nova, mas o IBGE já estudava o tema antes, em outras pesquisas desde 2004. Com isso, é possível ver como a situação da fome no Brasil está mudando ao longo do tempo. Por exemplo, em 2023, quase 73% das casas no Brasil tinham acesso garantido a alimentos, um número maior do que em 2017-2018, quando essa segurança estava em cerca de 63%. Isso mostra que a situação está melhorando.
(Foto: Marcello Casal/Agência Brasil)