O Irã lançou nesse sábado (13), um ataque com mais de 200 drones, mísseis balísticos e mísseis de cruzeiro contra Israel, segundo o porta-voz das Forças Armadas israelenses. Foi a escalada militar mais grave no Oriente Médio desde a Guerra do Golfo. As defesas antiaéreas de Israel foram acionadas em todo país, inclusive em Jerusalém e no sul do país, onde explosões provocadas pela ação do Domo de Ferro foram ouvidas.
O governo israelense e os Estados Unidos agiram conjuntamente para repelir o ataque. A grande maioria dos drones e mísseis foi interceptada pelos sistemas de defesa de Israel e por jatos das Forças Aéreas americanas.
Na noite de sábado (horário de Brasília), a missão permanente do Irã na sede da Organização das Nações Unidos (ONU), em Nova York, afirmou que o ataque contra Israel é uma questão que “pode ser considerada concluída”, mas ameaçou voltar a agir se os israelenses retaliarem.
“Caso o regime israelense cometa outro erro, a resposta do Irã será consideravelmente mais severa”, alertou, em publicação no X (antigo Twitter).
Segundo o porta-voz das Forças Armadas de Israel, o ataque ainda está em andamento, mas isso pode ser por haver uma demora entre os lançamentos e a chegada dos drones e mísseis em território israelense.
Houve relatos de ataques contra Israel de aliados do Irã no Iêmen no Líbano e no Iraque, como o Hezbollah, os houthis e milícias xiitas no Iraque.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que o país está se defendendo da ofensiva, uma retaliação ao ataque israelense em 1º de abril que matou líderes da Guarda Revolucionária Iraniana na embaixada em Damasco. O premiê se reuniu com o gabinete de guerra. O porta-voz do Exército, Daniel Hagari, disse que o ataque é uma escalada grave e perigosa.
Punição
A Guarda Revolucionária Iraniana, em comunicado na TV estatal, falou que lançou um ataque com drones e mísseis contra os israelenses. O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, comentou o ataque e disse que “o malicioso regime sionista será punido”
Os mísseis, segundo fontes do governo americano, podem ser usados na sequência dos drones, cujo objetivo seria distrair as defesas israelenses. Segundo fontes do Exército de Israel, os projéteis foram lançados do Irã, Líbano, Iêmen e o Iraque e estão direcionados para o norte do país e o Deserto do Negev.
Risco sem precedentes
O ataque representa uma escalada sem precedentes na crise no Oriente Médio, iniciada com os atentados terroristas do Hamas contra Israel em 7 de outubro. Potência regional, o Irã tem recursos militares significativamente maiores que seus aliados na região como o Hezbollah, os Houthis e o próprio Hamas. A ameaça fez a Jordânia, país vizinho a Israel, fechar seu espaço aéreo.
É também a primeira vez que um ataque de um país da região é lançado contra Israel desde a Guerra do Golfo, em 1991, quando Saddam Hussein lançou mísseis Scud contra o país.
“O Irã e Israel estão levando a região para águas desconhecidas. Não é possível mensurar o quanto esse momento é perigoso e o quanto suas consequências podem ser desastrosas.”, diz o cientista político Ali Vaez, diretor do programa de Irã do Crisis Group.
“Nos últimos anos e especialmente nas últimas semanas Israel tem se preparado para um ataque direto do Irã. Nossos sistemas de defesa estão em ação e estamos preparados para qualquer cenário, tanto defensivo quanto ofensivo”, disse o premiê”, disse o premiê. “O Estado de Israel, seu povo e seu Exército são fortes e temos um princípio muito claro. Quem nos machuca será machucado por nós.”
Ajuda americana
A Casa Branca confirmou que o Irã havia lançado um ataque contra Israel e prometeu ajudar Israel a se defender. O presidente Biden interrompeu um fim de semana em sua casa de férias em Delaware para retornar à Casa Branca e se reunir com sua equipe de segurança nacional.
Assessores de Biden reconhecem que a ameaça iraniana pode não ser apenas com drones e, de fato, um ataque subsequente com mísseis pode acontecer.
A ação do Irã nesse sábado ocorreu após uma semana de diplomacia e relatórios conflitantes sobre até onde Teerã iria em resposta ao ataque de Damasco e se arriscaria uma guerra total na região com Israel.
“O presidente Biden foi claro: nosso apoio à segurança de Israel é inabalável. Os Estados Unidos estarão ao lado do povo de Israel e apoiarão sua defesa contra essas ameaças do Irã”, disse Adrienne Watson, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional.
Ameaça iraniana
Altos funcionários e comandantes militares iranianos prometeram retaliar desde o ataque aéreo israelense em Damasco em 1º de abril. Sete oficiais iranianos, incluindo três comandantes de alto escalão, foram mortos no ataque, incitando os votos iranianos de vingar as mortes.
“Faremos com que eles se arrependam desse crime e de crimes semelhantes, com a ajuda de Deus”, declarou o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, que também é o comandante em chefe das forças armadas, um dia após o ataque. Na quarta-feira, Khamenei repetiu a ameaça, dizendo que Israel “será punido”, o que levou as autoridades israelenses a prometerem uma resposta militar em caso de ataque.
Os Estados Unidos, Israel e o Irã colocaram suas forças armadas em alerta máximo após o ataque de 1º de abril, de acordo com autoridades militares, e nesta semana o chefe do Comando Central dos EUA viajou para Israel na expectativa de um possível ataque iraniano. A questão não era tanto se o Irã retaliaria, mas quando e como. (Foto: REUTERS)