Ditadura nunca mais – De Costa e Silva a Figueiredo

Henrique Acker (correspondente internacional)   –  Com o Ato Institucional nº5 a chamada linha-dura assumia de vez as rédeas do regime militar. Todo um aparato de repressão, articulado com oficiais das Forças Armadas e policiais cooptados para a tarefa, foi montado para infiltração, prisão, tortura e assassinato de opositores.

É preciso lembrar que 1968 foi um ano conturbado em todo o Mundo, com conflitos na Europa do Leste e Ocidental, nos EUA e México. A juventude foi protagonista de manifestações que contestavam as ditaduras, costumes e comportamentos conservadores.

A completa proibição de quaisquer atividades políticas levou a oposição ao regime a duas respostas diferentes.

De um lado ficaram as lideranças políticas tradicionais e o velho PCB, que defendia a formação de uma ampla Frente Democrática contra a ditadura, atuando dentro do único partido de oposição permitido, o MDB, e em algumas organizações democráticas, como OAB e ABI.

Grande parte da juventude, porém, decidiu enfrentar a ditadura, passando à clandestinidade e se engajando em organizações de resistência armada.

As iniciativas consistiam em expropriar bancos, panfletagens relâmpago contra a ditadura, roubos de armas em quartéis. Mas o heroísmo desses militantes não os tirava do isolamento social que o regime impôs, o que os tornou presas fáceis da máquina profissional de repressão montada pela ditadura.

No setor cultural e de imprensa a censura prévia atingia redações de jornais, emissoras de Rádio e TV, editoras, salas de teatro e produtoras de discos.

Artistas, jornalistas e escritores que continuaram mantendo suas atividades profissionais tiveram suas obras (matérias, livros, peças e músicas) censuradas. Alguns saíram do país, outros permaneceram na resistência.

No final das contas todos os setores de oposição acabaram sendo atingidos pela repressão. Os primeiros foram os militares que não aceitaram participar do golpe, afastados, isolados e colocados na reserva, sem vencimentos.

Depois foram os grupos de resistência armada, dizimados pelas prisões, tortura e morte de seus militantes.

Mais adiante veio a repressão à guerrilha do Araguaia. E, finalmente, atingiu o próprio PCB, que teve parte de sua direção aniquilada na década de 70.

Foi justamente no início dos anos 70 que a ditadura militar surfou no “milagre econômico”, que trouxe um colchão de poupança e consumo para a classe média.

 

Sob os slogans “Brasil: Ame-o ou deixe-o!” e “Pra frente Brasil!”, a ditadura construiu grandes projetos de infraestrutura, como Itaipu binacional, Ponte Rio-Niterói, Embratel, usinas nucleares de Angra, Transamazônica, etc.

Foram obras faraônicas que consumiram recursos de empréstimos internacionais, que mais tarde se traduziram na enorme dívida externa brasileira.

A crise internacional do Petróleo (1973) trouxe consequências para o Brasil, com o crescimento da dívida externa, desvalorização da moeda, repercussões nos preços das mercadorias e no crescimento da inflação. Com Antônio Delfim Neto a frente do Ministério da Fazenda, a economia brasileira foi ao fundo do poço, com elevado custo de vida, arrocho salarial e carestia, sentida sobretudo pelos mais pobres.

Na imagem principal, alguns dos mortos e desaparecidos durante a ditadura militar. (Fotos: Internet/ Reprodução)

 

Por Henrique Acker (correspondente internacional)

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