Morreu aos 103 anos nesta quinta-feira Clodesmidt Riani, líder sindical e ex-deputado de Minas Gerais. Riani deixou um legado na história política e sindical do país, tendo participação relevante na criação do décimo terceiro salário e representando o Brasil em conferências internacionais do trabalho.
Ele esteva internado por 15 dias devido a problemas de saúde. O corpo será sepultado nesta sexta-feira no Cemitério Parque da Saudade, em Juiz de Fora.
Riani começou sua jornada como líder sindical em Juiz de Fora, onde foi representante dos trabalhadores da Companhia Mineira de Eletricidade. Em 1954, foi eleito membro do conselho de representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores das Indústrias (CNTI).
Também foi um dos organizadores do Comício das Reformas de Base na Central do Brasil, no dia 13 de março de 1964, em que João Goulart anunciou reformas para o país. Foi também presidente do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) durante o governo de Jango.
Preso durante a ditadura militar
Em 31 de março convocou uma greve geral em defesa do governo, durante discurso na Rádio Nacional. Meses após o golpe militar de 1964, Riani foi condenado e preso, momento em que sofreu a perda do seu mandato como deputado.
Foi preso e torturado pelo AI- 1. Tempos depois, seu mandato como deputado estadual foi restituído pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Riani também participou de manifestações em prol de melhores salários para funcionários da Cemig, em Belo Horizonte.
Internado desde o dia 17, Riani não pôde participar de um ato que reuniu cerca de mil pessoas em Juiz de Fora nessa segunda-feira, em protesto contra o golpe. A morte do ex-deputado foi confirmada pela Câmara Municipal de Vereadores de Juiz de Fora, em nota de pesar.
O falecimento de Riani foi lamentado por instituições e organizações de todo o país.
A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) emitiu nota de pesar. O sindicalista era professor honoris causa da federal desde 2005. “Riani se destaca na história nacional por sua trajetória de luta em defesa dos trabalhadores e da democracia”, diz a nota.
O perfil oficial da Força Sindical, central nacional sindical de trabalhadores, também lamentou o falecimento de Riani em uma rede social. “Sindicalista combativo, lutou pelo abono salarial, que se transformou no 13o salário. Fez parte do CGT(Comando Geral dos Trabalhadores) dissolvido pelo golpe militar. Descanse em paz, Companheiro!”, disseram.
O Sindicato dos servidores da tributação, fiscalização e arrecadação do estado de Minas Gerais (Sinfazfisco-MG) também expressou condolências à família e aos amigos de Riani.
“Clodesmidt Riani deixará um legado imensurável para o movimento sindical, sendo lembrado por sua incansável luta em prol da justiça social e dos direitos dos trabalhadores. (…) Que sua memória seja honrada e que seu exemplo de dedicação e comprometimento continue a inspirar as gerações futuras.” (Foto: Lauro Sobral)
(Com informações do Valor e G1)