Número de óbitos caiu em relação a 2021, mas segue acima do observado antes da pandemia da covid-19
O Brasil registrou 2,54 milhões de nascimentos em 2022, o que representa uma queda de 3,5% em comparação com o ano de 2021, quando o número foi de 2,63 milhões. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta quarta-feira (27), este é o quarto recuo consecutivo no total de nascimentos do país, que chegou ao menor nível desde 1977. Em comparação com a média dos cinco anos anteriores à pandemia de covid-19 (2015 a 2019), há uma diminuição de 11,4%. A pesquisa Estatísticas do Registro Civil é realizada desde 1974.
“A redução da natalidade e da fecundidade no país, já sinalizada pelos últimos Censos Demográficos, somada, em alguma medida, aos efeitos da pandemia, são elementos a serem considerados no estudo sobre a evolução dos nascimentos ocorridos no Brasil nos últimos anos”, explica a gerente da pesquisa, Klívia Brayner.
Ao todo, 2,62 milhões de nascimentos foram registrados em 2022, sendo que 2,54 milhões são relativos a crianças nascidas em 2022 e registradas até o primeiro trimestre de 2023, em conformidade com a legislação, enquanto outros 78,7 mil registros foram de nascimentos que ocorreram em anos anteriores ou com ano de nascimento ignorado. Quando a análise é feita em relação à média calculada de 2010 a 2019, a queda é ainda mais relevante e supera 10%.
A diferença mais significativa ocorreu na região Nordeste, onde o número de nascidos vivos foi 6,7% menor que no ano anterior. Na sequência estão, as regiões Norte (-3,8%), Sudeste (-2,6%), Centro-Oeste (-1,6%) e Sul (-0,7%). Entre os estados, apenas Santa Catarina e Mato Grosso tiveram aumento nos nascimentos registrados entre 2021 e 2022, de 2% e 1,8% respectivamente. Em todas as outras unidades da federação houve queda. O declínio mais expressivo, na Paraíba, foi de quase 10%.
Segundo os dados apresentados, o Brasil vive uma tendência de queda nesses índices desde 2019. Isso indica um processo de envelhecimento da população. As informações do Censo de 2022 também confirmam o cenário. De acordo com o estudo, a proporção de pessoas com 65 anos ou mais atingiu o recorde de 10,9%. Já a de crianças e jovens até 14 anos caiu para 19,8%. A pesquisa Estatísticas do Registro Civil também mostra que 39% dos nascimentos foram gerados por pessoas com 30 anos ou mais. A faixa etária dos 20 aos 29 anos ainda é a que mais dá à luz no Brasil, mas vem apresentando uma tendência de diminuição nas últimas décadas. Cenário semelhante é observado nas idades abaixo de 20 anos.
“Os dados evidenciam o aumento da representatividade dos nascidos vivos cujas mães pertenciam ao grupo etário de 30 a 39 anos”, complementa Klívia. Esse percentual aumentou de 26,1% em 2010 para 33,8% em 2021 e chegou a 34,5% em 2022. As regiões Sudeste (38,0%) e Sul (37,6%) apresentaram os maiores percentuais de nascimentos cujas mães tinham idades entre 30 e 39 anos na ocasião do parto.
Óbitos
Embora o número de mortes registradas no Brasil no ano de 2022 tenha caído em relação ao recorde histórico do ano anterior, os dados ainda se mantiveram superiores aos registros anteriores à pandemia da covid-19. No ano em questão, mais de 1,5 milhão de óbitos foram registrados. O resultado é inferior ao observado em 2021, ano mais mortal da história do Brasil, quando mais de 1,8 milhão de vidas foram perdidas. Mesmo assim, os números estão bem acima do que ocorria antes da pandemia. Entre 2010 e 2019, o total de mortes crescia ano a ano, mas nunca ultrapassou 1,4 milhão.
“Esse resultado acompanha o recuo das mortes ocasionadas pela Covid-19, com a ampliação do número de pessoas que completaram o esquema vacinal”, justifica Klívia, lembrando que o resultado de 2021 (1,78 milhão), no auge da pandemia, foi o recorde da série histórica, iniciada em 1974. Entretanto, o número de óbitos de 2022 foi 14,2% superior ao de 2019 (1,31 milhão), último ano pré-pandemia.
No resultado mensal, chama a atenção que janeiro de 2022 foi o único com aumento em relação ao mesmo mês de 2021: o número de óbitos cresceu 10,7%, chegando a 161,18 mil, marcando o quinto maior da série após o início da pandemia (março de 2020), ficando atrás apenas dos meses de março a junho de 2021.
“De fato, o início de 2022 foi marcado pela terceira onda de COVID-19 no Brasil, provocada pela variante Ômicron, além de uma epidemia de Influenza A, também responsável pelo aumento das mortes entre idosos no período”, relembra a gerente da pesquisa. “Apesar da redução das mortes por COVID-19 em um contexto de aumento da cobertura da população vacinada, o vírus seguia bastante letal ainda no primeiro semestre do ano de 2022”, complementa. Cabe lembrar que a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) somente em maio de 2023. O segundo mês com mais óbitos em 2022 foi julho, com 134,33 mil.
Somente em janeiro de 2022, por exemplo, foram mais de 160 mil mortes. Na ocasião, o Brasil vivia um aumento considerável no número de pessoas infectadas pela covid-19. Ao fim do mês, o coronavírus havia causado quase 10 mil óbitos, 6% do total registrado no período. Em relação ao ano de 2021, as maiores quedas nos números absolutos de falecimentos ocorreram nas faixas etárias de 60 a 69, que teve quase 80 mil mortes a menos, e entre 50 a 59 anos, com declínio de cerca de 72 mil. No entanto, houve aumento de óbitos entre crianças da faixa de 1 a 4 anos. Foram 1,3 mil mortes a mais, maior alta relativa entre todos os recortes por idade.
(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)