Coisas da Política – João Salame

PARALISAÇÃO

A empresa que executa as obras de construção do Terminal Hidroviário de Chaves decidiu paralisar suas atividades, em virtude da falta de pagamento, o que vem ocorrendo desde dezembro de 2023. A empresa alega também que estão pendentes dívidas dos serviços já executados no Terminal de Anajás, desde o ano passado. E que essa inadimplência vem causando prejuízos financeiros e transtornos que impedem a continuidade dos serviços. O espaço está aberto para manifestação da Seplad (Secretaria de Planejamento e Administração) e da CPH (Companhia dos Portos e Hidrovias).

 

FILIAÇÃO

Ex-prefeito de Brejo Grande do Araguaia e suplente de deputado estadual pelo PSB, Marcos Baixin, é outra importante liderança que deve aderir em breve ao MDB, levado pelo deputado Chamonzinho. Especula-se que o atual diretor geral da Arcon, Eurípedes Reis, indicado pelo deputado, deve deixar o cargo em breve para ajudar na coordenação da campanha de Chamonzinho a prefeito de Marabá. Baixin assumiria o seu lugar.

 

FORTE

Ligados a Baixin, podem se filiar ao MDB os prefeitos de São João do Araguaia e Brejo Grande do Araguaia, Marcellanne Cristina e Jesualdo Nunes, respectivamente. O problema é que nesses municípios existem lideranças históricas que são oposição aos prefeitos. Em São João, o ex-prefeito Mário Martins, cuja filha, Neusinha, é candidata a prefeita. Em Brejo Grande, o ex- prefeito Geraldo Bila, que pretende disputar a prefeitura. Nada que não possa ser resolvido nesses novos tempos que vive o MDB no Pará.

 

 

COMPROMISSO

No último sábado, quando o governador Helder Barbalho desceu do helicóptero no estádio Zinho Oliveira, em Marabá, foi recebido pelo prefeito Tião Miranda (foto) , que já foi logo falando: “você tem um compromisso comigo”. TM se referia ao compromisso que HB teria assumido de apoiar o seu candidato a prefeito nas eleições deste ano. Como se sabe, Helder pretende lançar a candidatura do deputado Chamonzinho (MDB), que lidera todas as pesquisas.

 

POSSIBILIDADE

Cumprindo agenda administrativa, Helder não quis tratar do assunto na visita a Marabá. Mas convidou Tião Miranda a ir a Belém, onde deverão conversar sobre a sucessão municipal. No círculo mais próximo ao prefeito cresce a ideia de apoio à candidatura do deputado Toni Cunha (PL) caso não seja possível um acordo para que HB apoie o candidato da preferência de Miranda.

 

 

VICE

E a hipótese de acordo em torno da candidatura de Chamonzinho está distante. O deputado não abre mão de indicar o seu vice, algo, diga-se de passagem, que TM não pretende. Favorito na disputa, chovem candidatos a vice para o deputado. Entre eles, a vereadora Cristina Mutran, o vereador Márcio do São Félix, vereador Pedro Correia e o médico Manoel Veloso, entre outros menos cotados.

 

TRINCOU

Além de Marabá, o governador Helder Barbalho tem problemas políticos para administrar em Parauapebas. HB manifestou preferência pela candidatura do deputado estadual Ivanaldo Braz (PDT) a prefeito, com o apoio do deputado federal Keniston Braga. Mas o prefeito Darci Lermen (MDB) não só não aceitou a decisão, como pisou no acelerador para viabilizar a candidatura a prefeito do vereador Rafael Ribeiro (MDB). As relações entre ambos estão “trincadas” e, por enquanto, não está havendo diálogo.

 

ADESÕES

Nos últimos dias, Rafael tem comemorado a adesão de lideranças expressivas, articuladas por Darci. Quatro vereadores eleitos pelo Pros e hoje no Solidariedade declararam apoio à candidatura defendida pelo prefeito. Agora, foi a direção do Partido dos Trabalhadores, de onde o prefeito veio e mantém muitos amigos. A intenção é deixar isolada a candidatura de Braz até chamá-lo para um acordo em apoio a Rafael Ribeiro. Devido a esses constrangimentos dentro do MDB, há quem aposte que Darci possa voltar ao PT.

 

 

DIFERENÇA

O que chama a atenção é que, em Parauapebas, o prefeito Darci Lermen (foto), mesmo com alta rejeição, está conseguindo viabilizar uma candidatura competitiva do seu grupo para disputar a sucessão, até mesmo enfrentando a orientação do governador. Já em Marabá, o prefeito Tião Miranda, mesmo com aceitação altíssima, não conseguiu até agora viabilizar uma candidatura com chances reais no seu grupo.

 

 

ASSUME

Dentro da estratégia de isolar a candidatura do vereador JK do Povão, que representa as forças de direita na disputa pela prefeitura de Santarém, o governador Helder Barbalho deve nomear João Pingarilho para a Secretaria Regional do Oeste do Pará, atualmente ocupada pelo ex- deputado José Maria Tapajós, que será o candidato a prefeito do MDB. Pingarilho obteve 11.923 votos para deputado estadual dentro de Santarém e tem perfil bolsonarista.

 

COP

A pressão para retirar a Conferência das Partes (COP-30) de Belém se intensificou durante a última semana. O prestigiado e bem informado jornalista Ancelmo Góes noticiou em sua coluna que existe um movimento dentro do governo federal (leia-se também, rede hoteleira e empresariado carioca) para dividir a COP em duas estruturas. Uma em Belém e outra no Rio de Janeiro, em virtude das dificuldades de infraestrutura da capital paraense. Enquanto isso, a divisão entre as lideranças políticas do estado se acentua.

 

FATO

O fato político da semana foi o lançamento da candidatura do deputado Igor Normando a prefeito de Belém pelo MDB. Apesar de especulado havia dúvidas se Helder Barbalho faria realmente o lançamento na reunião ocorrida na última sexta-feira, na Assembleia Legislativa do Estado. Lideranças do MDB mais bem pontuadas nas pesquisas acalentavam o sonho da decisão ser postergada. O mesmo ocorria nas hostes do prefeito Edmilson Rodrigues. HB, mais uma vez, foi ousado no seu plano de fortalecimento do MDB e do núcleo mais próximo a ele.

 

 

REAÇÕES 

Deputado Zeca Pirão (foto  abaixo) , até o último momento, não acreditava que o anúncio seria feito. Teve até uma conversa com o presidente da Alepa, deputado Chicão, de onde saiu com essa impressão. Deputado José Priante avalia que se fosse para vencer, ele teria que ser o candidato. O prefeito Edmilson Rodrigues se resignou e lembrou aos mais próximos que na sua eleição em 2020, o MDB já tinha lançado candidato e que é natural que o partido do governador o faça.

 

 

DIVÓRCIO

O lançamento representará um divórcio do grupo de HB com a esquerda paraense? Essa é a pergunta que não quer calar. A pré-candidatura de Igor Normando permite algum nível de composição com o PT e demais partidos de esquerda aderindo a ela ou com Igor cedendo na reta final? Ou ele irá até o fim, sem a esquerda, no primeiro turno? Só o futuro dirá, mas o modus operandi do governador demonstra que ele é obstinado em seus planos, que passam pela eleição de mais de 100 prefeitos e pela vitória nas principais cidades, numa demonstração de forças ao MDB nacional.

 

DECISÃO

Por enquanto o PT, PDT, PSB, PCdoB, PV e Rede Sustentabilidade estão solidamente instalados no governo de Edmilson Rodrigues e fazem juras de fidelidade à reeleição do prefeito. Todos possuem secretarias e cargos importantes na gestão municipal. Mas é bom lembrar que o PT, PSB e PDT também estão instalados em secretarias estaduais e o PCdoB também tem assento importante na máquina comandada por HB. Vão ser pressionados a aderir à candidatura de Igor?

 

CAVALHEIROS

MDB e os partidos de esquerda saberão conviver, mesmo disputando o poder municipal? Para não permitir uma chance real da direita ganhar as eleições com a candidatura do deputado Eder Mauro (PL), eles têm que ter cuidado para não criarem um clima de beligerância no primeiro turno que crie dificuldades para se unirem no segundo. No discurso dos líderes, dependendo da habilidade de cada um, às vezes essa ginástica é possível. Na base, onde as paixões permeiam as disputas, é que o bicho pega.

 

 PERFIL

Igor Normando tem um temperamento conciliador. Defensor da causa animal, parece simpático para a opinião pública. Mas seus primeiros discursos estão mirando os principais problemas da gestão de Edmilson, o que é natural. Haverá reação. Como será a administração desse conflito é que será a chave para os desdobramentos futuros. HB fez uma aposta audaciosa e arriscada. Mas como diz o ditado popular: “não se faz omelete sem quebrar os ovos”.

 

PROGRESSISTA

Vice-prefeito de Capanema, Claudionor Moreira (foto abaixo) é mais um a deixar o MDB. Não por sua vontade. Ele até queria ser candidato a prefeito pelo partido, mas foi comunicado que teria que ceder a vaga para o ex-prefeito Alexandre Buchacra, apoiado pelo prefeito Chico Neto (MDB) e pelo governador Helder Barbalho. Como sempre foi um aliado fiel, foi chamado para uma conversa de pé de ouvido e lhe entregaram o comando do Progressistas (PP), legenda pela qual será candidato.

 

 

DILEMA

O tempo está se esgotando para o prefeito Daniel Santos, de Ananindeua, tomar uma importante decisão. Ele fica no MDB, pacifica as relações com o governador e permite que a cúpula do partido indique o seu vice, o que lhe amarrará na cadeira para disputas estaduais em 2026? Ou sai do MDB para ter um partido para chamar de seu e indica o seu vice? Se tomar essa atitude, para qual partido, já que as opções são poucas, em virtude da maioria estar debaixo do enorme guarda-chuva de legendas abrigadas no governo do Estado? Haja coração! 

 

FRASE

Maquiavel (filósofo italiano): “É melhor ser temido do que amado”.

 

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