A economia brasileira cresceu três vezes o resultado previsto no início do ano passado e fechou 2023 em R$ 10,9 trilhões. No primeiro ano do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Produto Interno Bruto (PIB, valor de todos os bens e serviços produzidos) cresceu 2,9%, informou nesta sexta-feira o IBGE. A economia foi puxada principalmente pelo desempenho do agronegócio, que teve expansão recorde.
Com esse resultado, o desempenho é superior ao observado no início do mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro, em 2019, e também ao longo do primeiro ano de governo de Michel Temer e de Dilma Rousseff 2.
Na primeira semana de janeiro do ano passado, o Boletim Focus – relatório do Banco Central (BC) que compila projeções de analistas – apontava para um crescimento de apenas 0,78% em 2023. O número foi subindo à medida que dados mais positivos foram sendo divulgados ao longo do ano.
No último trimestre, o PIB ficou estável na comparação com o terceiro trimestre, ante a ligeira alta de 0,1% apontada pelas projeções de economistas compiladas em pesquisa do jornal Valor.
O desempenho do terceiro trimestre foi revisado para crescimento nulo. Ou seja, a economia ficou estagnada na segunda metade do ano.
O PIB per capita teve aumento real, ou seja, já descontada a inflação, de 2,2% e alcançou R$ 50.194 no ano passado.
Veja o desempenho de 2023 por indicador:
Agropecuária: + 15,1%
Serviços: 2,4%
Indústria: + 1,6%
Consumo das famílias: 3,1%
Consumo do governo: + 1,7%
Investimento: -3%
Importações: -1,2%
Exportações: + 9,1%
Crescimento recorde do agro
O crescimento concentrado na primeira metade do ano está relacionado com um dos responsáveis pela surpresa positiva com o PIB de 2023: a agropecuária. A supersafra de grãos foi um dos motores da economia, ao lado da indústria extrativa, que inclui os setores de mineração e petróleo e gás, e dos serviços, que respondem por quase 70% da economia e foram impulsionados pelo consumo das famílias e pela exportações agrícolas.
A agropecuária cresceu 15,1% no ano, impulsionando as exportações, que avançaram 9,1%. De acordo com coordenadora de contas nacionais do IBE, Rebeca Palis, “esse comportamento foi puxado muito pelo crescimento de soja e milho, duas das mais importantes lavouras do Brasil, que tiveram produções recorde”.
Outra influência positiva no resultado do PIB de 2023 foi o desempenho das indústrias extrativas. A atividade teve alta de 8,7% devido ao aumento da extração de petróleo e gás natural e de minério de ferro.
Inflação menor dá empurrão a consumo
Isso ajudou o desempenho da indústria, que avançou 1,6%. O crescimento de serviços desacelerou, com a abertura econômica já consolidada no pós-pandemia, mas o setor teve expansão de 2,4%.
O consumo das famílias veio forte, com expansão de 3,1%, resultado do avanço no emprego e na renda, da elevação dos pagamentos dos programas de transferência, como o Bolsa Família, e de uma inflação menor.
Os investimentos, por sua vez, recuaram 3%, após dois anos de alta. Isso aconteceu principalmente pela menor aplicação de recursos para compra de máquinas e equipamentos, o que acabou derrubando as importações. As compras externas caíram 1,2%.
Ranking de crescimento
O resultado, do primeiro ano da atual gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é superior ao observado no primeiro ano do governo anterior, de Jair Bolsonaro (PL). Mas, em comparação a outros governos, o desempenho não foi tão expressivo.
Confira o desempenho de outros governos, nos primeiros anos de mandato, a partir de compilado da consultoria MB Associados obtido pelo jornal O Globo:
1995 – Fernando Henrique Cardoso 1: 4,2%
1999 – Fernando Henrique Cardoso 2: 0,5%
2003 – Luiz Inácio Lula da Silva 1: 1,1%
2007 – Luiz Inácio Lula da Silva 2: 6,1%
2011 – Dilma Rousseff 1: 4%
2015 – Dilma Rousseff 2: -3,6%
2017 – Michel Temer: 1,3%
2019 – Jair Bolsonaro: 1,2%
2023 – Luiz Inácio Lula da Silva 3: 2,9%
(Foto: Reprodução)