Defesa diz que Bolsonaro “nunca foi simpático” a movimentos golpistas; ex-presidente foi à sede da Polícia Federal para prestar depoimento no âmbito de uma investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado
O ex-presidente Jair Bolsonaro compareceu na tarde desta quinta-feira (22) à sede da Polícia Federal em Brasília para prestar depoimento. Ele se manteve em silêncio durante os cerca de 20 minutos em que permaneceu no local, disseram Fabio Wajngarten e Paulo Cunha, advogados do ex-chefe do Executivo. “O presidente já saiu, fez o uso do silêncio conforme a defesa antecipou”, anunciou Cunha, alegando que a defesa não teve acesso a todos os elementos da investigação como o acesso à delação do tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
“A falta de acesso a esses documentos, especialmente as declarações do tenente coronel Mauro Cid e as mídias eletrônicas obtidas dos telefones celulares de terceiros e computadores, impedem que a defesa tenha o mínimo conhecimento de quais elementos o presidente é hoje convocado a esse depoimento. Não houve de forma alguma da parte da defesa qualquer constrangimento na vinda do presidente a esse depoimento, como aliás ele sempre fez e continuará fazendo. Sendo do maior interesse dele o esclarecimento dessa verdade. Que fique claro o único motivo pelo qual fez uso do silêncio foi dado ao fato de ele responder hoje a uma investigação semi-secreta”, acrescentou Wajngarten.
Paulo Cunha enfatizou que Bolsonaro não cometeu nenhum delito e afirmou que o ex-mandatário “não teme nada porque não fez nada”. Ele disse, ainda, que Bolsonaro “nunca foi simpático a qualquer tipo de movimento golpista”. A investigação da PF alega que existem “dados que comprovam” que Bolsonaro “analisou e alterou uma minuta de decreto que, tudo indica, embasaria a consumação do golpe de Estado em andamento”. No entanto, a defesa do ex-presidente negou veementemente qualquer participação de Bolsonaro na elaboração de um decreto ilegal.
Além de Bolsonaro, também estão na sede da PF os ex-ministros Braga Netto (Defesa), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Ao todo, 23 pessoas serão ouvidas de forma simultânea. Nesta linha, quatorze depoimentos serão realizados em Brasília, quatro no Rio de Janeiro, dois em São Paulo, um no Paraná, um em Minas Gerais, um no Mato Grosso do Sul e outro no Espírito Santo.
(Foto: Wagner Meier/Getty Images)