Henrique Acker (correspondente internacional) – Execuções extrajudiciais, detenções arbitrárias, tratamento degradante, violação e violência sexual. Essas são algumas das acusações de peritos da ONU, que pedem uma investigação sobre a violação de direitos humanos das tropas israelenses contra mulheres e meninas palestinas em Gaza e na Cisjordânia.
As alegações constam de um comunicado do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, emitido na segunda-feira, 19 de fevereiro, ilustrado com fotografias de mulheres em circunstâncias degradantes, tiradas pelos próprios soldados israelenses.
Tratamento desumano a mulheres e meninas
Em resposta, as Forças de Defesa de Israel (FDI) negaram as acusações e afirmaram respeitar o direito internacional. Já a missão de israelense na ONU, em Genebra, chamou o comunicado de “alegações desprezíveis e infundadas”.
Segundo os peritos da ONU, “Muitas (mulheres e meninas) teriam sido sujeitas a tratamentos desumanos e degradantes, tendo-lhes sido negados absorventes, alimentos e medicamentos, e foram severamente espancadas”.
“Em pelo menos uma ocasião, as mulheres palestinas detidas em Gaza foram alegadamente mantidas numa jaula à chuva e ao frio, sem comida”. Há também casos de abusos e violação sexual por parte de soldados israelenses.
Destruição sem resposta
Recentemente a CNN e o New York Times (NYT) revisaram conteúdos de cerca de 50 vídeos postados nas redes sociais por soldados israelenses na linha de frente, em Gaza. Boa parte deles mostra cenas de selvageria naturalizadas com ironias e gozações.
“Parei de contar quantos bairros eu destruí”, diz a legenda de um dos vídeos do Tik-Tok de um soldado que dirigia um trator, por uma rua de Beit Lahia, em Gaza. Em outros vídeos, soldados israelenses aparecem destruindo lojas e salas de aula. Alguns pedem a construção de assentamentos judaicos em Gaza.
Nas imagens, tratores, escavadeiras e explosivos são usados para destruir casas, escolas e prédios. Num dos vídeos um soldado que também é DJ usa uma casa na região costeira de cenário para apresentar um clipe, com uma paródia da música “This was my home” (Esta era a minha casa), zombando dos palestinos.
O jornal estadonidense enviou ao Exército israelense as coordenadas de dezenas de estruturas destruídas em Gaza. Em resposta, as FDI afirmaram que “estão lutando uma guerra complexa” e alegaram dificuldades para rastrear e confirmar os dados enviados pelo NYT.
Confissão de crimes
Nas últimas semanas cresceu por parte da mídia independente israelense a cobrança sobre a conduta das tropas em Gaza. Diante disso, o principal advogado das Forças de Defesa de Israel enviou carta aos comandantes que lideram os batalhões de combate na Faixa de Gaza.
“Encontramos casos inaceitáveis de conduta que se desviam dos valores e protocolos”, alertou Yifat Tomer-Yerushalmi, que enumerou “declarações inapropriadas”, mas também “uso injustificado da força, inclusive contra detidos; saques, como o uso ou remoção de propriedade privada para fins não operacionais, e destruição de propriedade civil”.
Diante da divulgação de matérias por jornais, portais e TV que questionam os métodos usados pelo Exército israelense em Gaza, o Chefe do Estado-Maior das FDI, Herzl Halevi, apelou aos oficiais do exército para “não usar a força onde não é necessária, para distinguir entre terroristas e não terroristas, para não levar nada que não seja nosso – uma lembrança ou item militar – e não filmar vídeos de vingança”. (Foto: REUTERS)
Por Henrique Acker (correspondente internacional)
Links de fontes consultadas
https://www.pressreader.com/brazil/folha-de-s-paulo/20240209/281827173671025
Haaretz | Notícias de Israel (Newsletter – 21/2/2024)
https://english.wafa.ps/ (Agência Palestina de Notícias – ver a Aba Vídeos)
