A Corregedoria da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), vinculada ao Ministério da Justiça, afastou nesta terça-feira três servidores do presídio federal de Mossoró (RN), onde ocorreu a fuga inédita no sistema prisional administrado pelo governo federal. Os funcionários comandavam as áreas de divisão de inteligência, de segurança e administração da unidade de segurança máxima e ficarão destituídos até ser concluída a sindicância instaurada no órgão.
O diretor do presídio já havia sido afastado do cargo desde a semana passada por decisão do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Na mesma ocasião, ele anunciou Carlos Luis Vieira Pires como interventor para assumir o comando da penitenciária em caráter provisório.
Agora, foram afastados servidores do presídio. A corregedoria do órgão abriu uma apuração interna para verificar as circunstâncias da fuga — se algum policial penal ou funcionário terceirizado ajudou os presos Diebson Nascimento e Rogério Mendonça a escaparem, se houve falhas nos procedimentos ou na parte estrutural do prédio e as medidas que devem ser tomadas para reforçar a segurança na unidade. Paralelamente, a Polícia Federal também conduz um inquérito para investigar se houve facilitação na fuga.
“O afastamento se dará até a conclusão dos procedimentos apuratórios correcionais”, diz o texto assinado pela corregedora-geral da Senappen, Marlene Inês da Rosa. Conforme a portaria, eles continuarão exercendo o posto de agentes penitenciários, mas não mais o de chefia desses setores.
Série de erros
As investigações internas ainda continuam, mas o Ministério da Justiça já concluiu que houve uma série de erros no procedimento padrão adotado em presídios federais. As duas celas, de onde os dois presos fugiram por volta das 3 horas da quarta-feira, não foram vistoriadas de maneira adequada, câmeras estavam inoperantes e alguns refletores estavam desligados na hora do ocorrido.
Os policiais penais só perceberam a evasão quase duas depois depois de os fugitivos já estarem fora do presídio. Apenas uma câmera registrou o momento em que eles passaram pelo alambrado. A imagem é de má qualidade e não levou ao acionamento do alerta. A ausência da dupla foi percebida na hora da conferência do café da manhã dos detentos.
O ministro da Justiça ainda considerou que os servidores estavam “mais relaxados” no dia da fuga em função do feriado de Carnaval. Nessas datas, o sistema prisional costuma ficar mais alerta pelo fato de as forças de segurança estarem mais focadas na segurança dos eventos.
Sétimo dia de buscas
Cerca de 500 homens das forças de segurança vasculham a região do presídio de Mossoró atrás dos dois fugitivos. Nesta terça-feira – sétimo dia das buscas -, um comboio com cem agentes da Força Nacional partiu em 22 viaturas e um ônibus de Brasília a Mossoró. O objetivo é que eles ajudem os agentes das Polícias Militares do Rio Grande do Norte, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal que já estão atuando na área.
A operação envolve montar bloqueios nas estradas e vasculhar sítios e cavernas que existem na zona rural de Mossoró e Baraúna, no interior do Rio Grande do Norte. As autoridades também têm sobrevoado a área com helicópteros e drones com sensores de calor.
Nos últimos dias, os policiais têm enfrentado dificuldades em relação às condições climáticas e geográficas da região, que tem sido atingida por chuvas torrenciais e é caracterizada pela existência de centenas de cavernas.
Como foi a fuga
Segundo a perícia feita pela PF, os presos fugiram da cela após arrancar uma luminária da parede lateral, com o uso de vergalhões retirados da estrutura do edifício. Depois, pularam para um local chamado de shaft, onde fica a fiação e tubulação do prédio. Escalaram até o telhado do presídio e, de lá, pularam no pátio, que passava por uma reforma de adequação. Atravessaram o tapume da obra, arranjaram um alicate e, com ele, cortaram as grades da cerca de arame. (Foto: Circuito Interno Presídio/ Reprodução)
