Lula não pedirá desculpas e deve seguir como “persona non grata” em Israel após a reação do governo sionista à declaração em que equiparou o genocídio perpetrado na Faixa de Gaza à matança de judeus por Adolph Hitler na Alemanha nazista.
Assessor especial da Presidência, Celso Amorim afirmou que é Israel que está sendo isolado no mundo diante do covarde massacre promovido no território palestino.
“Sempre tratamos de maneira muito respeitosa e defendemos a solução de dois Estados, mas não tem nada do que se desculpar. Israel é que se coloca numa condição de crescente isolamento”, afirmou Amorim à jornalista Raquel Landim, da CNN Brasil.
A declaração de Lula, que afirmou que genocídio, como na Palestina, “só existiu quando Hitler resolveu matar judeus”, causou um surto coletivo no governo de Israel.
Em publicação na rede X, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou que Lula cruza “linha vermelha” ao relacionar genocídio em Gaza a Hitler e que “as palavras do presidente do Brasil são vergonhosas e graves”.
Na manhã desta segunda-feira (19), o ministro de Relações Exteriores do governo sionista, Israel Katz, anunciou que o presidente Lula é “persona non grata” no país até que se retrate da declaração.
“Não perdoaremos e não esqueceremos – em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, informei ao Presidente Lula que ele é uma persona non grata em Israel até que ele peça desculpas e se retrate de suas palavras”, afirmou Katz ao lado do embaixador brasileiro, Frederico Méyer, no Museu do Holocausto.
No entanto, passadas mais de 24 horas da reação de Israel, Netanyahu não recebeu nenhum apoio de líderes internacionais sobre o caso, incluindo de Joe Biden, dos EUA, parceiro do estado sionista em muitas das empreitadas no Oriente Médio.
Netanyahu foi totalmente ignorado pela comunidade internacional, que teria sido consultada por Lula antes da mais dura declaração de um chefe de Estado contra a ação genocida de Israel.
Nesta segunda-feira, a Federação Árabe Palestina no Brasil (Fepal) divulgou nota em que afirma que “Lula logrou êxito ao comparar o genocídio palestino com o holocausto euro-judeu e as políticas da Alemanha nazista na Europa”.
Segundo a Federação, a declaração de Lula “tem implicações internacionais importantíssimas”.
“A Causa Palestina é hoje o epicentro da luta anticolonial no mundo. Lula reafirma sua posição como liderança do Sul-Global e desafia o Norte-Imperial e cada vez menos global na licença concedida por este ao genocídio que ‘israel’ promove na Palestina”, diz o texto.
“Lula pode e deve ir além: romper laços diplomáticos, suspender acordos de cooperação e liderar o Sul Global em uma campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções a ‘israel’. Sob o bastião de Lula, o Brasil e o Sul Global podem fazer cessar o genocídio palestino. Lula e o Brasil têm prestígio, relevância e força internacional para isso”, segue a nota – leia a íntegra abaixo.
Lula tem razão e o mundo o apoia em sua denúncia do genocídio de “Israel” na Palestina
O presidente Lula logrou êxito ao comparar o genocídio palestino com o holocausto euro-judeu e as políticas da Alemanha nazista na Europa.
19/02/2024
O presidente Lula logrou êxito ao comparar o genocídio palestino com o holocausto euro-judeu e as políticas da Alemanha nazista na Europa. Nós da FEPAL agradecemos o gesto corajoso de Lula, que em sua ação lava a alma dos palestinos e daqueles que ainda tem alguma humanidade e decência de reconhecer a magnitude da tragédia humanitária que vivemos neste momento.
E tem implicações internacionais importantíssimas.
O sionismo é uma ideologia genocida, colonial, supremacista e que impetra um apartheid sobre os palestinos. Suas táticas são tão violentas quanto as práticas nazistas e segue à risca a cartilha das ideologias supremacistas que o mundo conhece e condena. Lula, nesse sentido, ao compreender a magnitude da tragédia que Gaza vive hoje, relaciona ao infeliz acontecimento do holocausto.
Portanto, nos debruçamos à tal comparação para trazer em números uma triste realidade: o genocídio que “israel” faz na Palestina não tem precedente histórico. Basta ver os números.
Em 135 dias de genocídio (18/02/2024) na Palestina:
– Mortos: 29.398 e 8 mil corpos desaparecidos sob escombros. Total: 37.398 palestinos assassinados. Isso representa 1,68% da população de Gaza.
Aplicada porcentagem equivalente:
Em 135 dias, no mundo seriam 136 milhões de mortos em 135 dias; Na Europa, 12,6 milhões; No Brasil, cerca de 3,4 milhões de assassinados.
Nessa escala de extermínio, em 6 anos, duração da Segunda Guerra Mundial, seriam:
– 2,3 bilhões de mortos no mundo.
– 214 milhões de mortos na Europa, 3 vezes mais que na Segunda Guerra Mundial.
– 58,5 milhões de mortos no Brasil.
Falando apenas de crianças, “israel” mata, proporcionalmente, no mínimo 236 vezes mais crianças que a Segunda Guerra Mundial.
Se os números não te bastam, puxe na memória os horrores que viu em Gaza. “israel” mata em escala industrial. Uma população miserável, indefesa e composta por 73% de refugiados da Nakba entre 1947 e 1951. Factualmente, não há precedente histórico para tamanho horror. A comparação de Lula é óbvia para quem tem o mínimo de honestidade intelectual. O genocídio palestino é, factualmente, igual ou pior que holocausto euro-judaico.
No entanto, a grandeza de Lula não está só na coragem de dizer o óbvio, mas também no “timining“! “israel” está prestes a invadir Rafah, extremo sul de Gaza e que abriga mais de 1,5 milhões de palestinos em tendas. Ao mesmo tempo, o maior campo de refugiados da história, um campo de concentração gigantesco e em vias de se tornar o maior campo de extermínio já visto. Nesse contexto, Lula joga os holofotes e muita pressão internacional em Netanyahu em um momento-chave da história e do genocídio palestino, o primeiro televisionado, testemunhado por bilhões de pessoas nas telas de TV, computadores e celulares, páginas de jornais e revistas, na locução de rádios, púlpitos e praças públicas.
A falta de condenação internacional, principalmente dos aliados ocidentais de Netanyahu, às declarações de Lula, escancaram o isolamento internacional de “israel” e dão ao presidente brasileiro apoio, no mínimo, tácito.
Em última instância, o gesto de Lula pode ter freado – ou ao menos retardado – a invasão a Rafah. Isso é gigantesco.
A Causa Palestina é hoje o epicentro da luta anticolonial no mundo. Lula reafirma sua posição como liderança do Sul-Global e desafia o Norte-Imperial e cada vez menos global na licença concedida por este ao genocídio que “israel” promove na Palestina.
Lula pode e deve ir além: romper laços diplomáticos, suspender acordos de cooperação e liderar o Sul Global em uma campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções a “israel”. Sob o bastião de Lula, o Brasil e o Sul Global podem fazer cessar o genocídio palestino. Lula e o Brasil têm prestígio, relevância e força internacional para isso.
Podemos imaginar que se houvesse ao menos um Lula nos idos de 1939, talvez a Alemanha nazista tivesse sido parada muito antes e seus crimes, incluindo o holocausto euro-judaico não tivesse acontecido. O silêncio dos que se acovardaram diante de Hitler não é o de Lula hoje diante do holocausto palestino.
Lula tem razão. O genocídio palestino é perfeitamente comparável ao holocausto euro-judaico e deve cessar imediatamente.
Palestina livre do apartheid a partir do Brasil, dia 19 de fevereiro de 2024.
Na imagem, Lula e Janja em encontro com repatriados de Gaza pelo governo brasileiro no Natal de 2023. (Foto: Ricardo Stuckert / PR)