IBGE apurou aumento no preço do arroz, feijão, legumes e frutas. Em compensação houve queda nos combustíveis. O IPCA, índice que mede a inflação oficial, soma agora 4,51% em 12 meses
No primeiro mês de 2024, a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), manteve-se controlada. A variação foi de 0,42%, abaixo tanto de dezembro (0,56%) como de janeiro do ano passado (0,53%). Com o resultado, divulgado nesta sexta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA soma agora 4,51% em 12 meses, também abaixo do período imediatamente anterior (4,62%).
A maior variação, mais uma vez, foi do grupo Alimentação e Bebidas. Segundo o IBGE, a alta em janeiro foi de 1,38%, o que representou impacto de 0,29 ponto percentual no resultado mensal – a maior parcela do IPCA. “O resultado de janeiro tem, assim como em dezembro, o grupo alimentação e bebidas como principal impacto. O aumento nos preços dos alimentos é relacionado principalmente à temperatura alta e às chuvas mais intensas em diversas regiões produtoras do país”, explica o gerente da pesquisa, André Almeida. É a maior alta de alimentação e bebidas para um mês de janeiro desde 2016 (2,28%).
Assim, a alimentação no domicílio subiu 1,81%. O instituto cita aumentos de preços de produtos como cenoura (43,85%), batata inglesa (29,45%), feijão carioca (0,70%), arroz (6,39%) e frutas (5,07%). “Historicamente, há uma alta dos alimentos nos meses de verão, em razão dos fatores climáticos, que afetam a produção, em especial, dos alimentos in natura, como os tubérculos, as raízes, as hortaliças e as frutas. Neste ano, isso foi intensificado pela presença do El Niño”, destaca André.
“No caso do arroz, houve a influência do clima adverso e da preocupação com a nova safra. Além disso, a Índia, maior produtor mundial, enfrentou questões climáticas que atingiram a produção e cessou as exportações no segundo semestre do ano passado, o que provocou o aumento do preço desse produto no mercado internacional”, explica.
Já a alimentação fora do domicílio (0,25%) desacelerou frente a dezembro (0,53%), com as altas menos intensas do lanche (0,32%) e da refeição (0,17%). No mês anterior, os dois subitens haviam registrado aumento de 0,74% e 0,48%, respectivamente.
Por outro lado, o grupo Transportes registrou variação de -0,65%, com impacto de -0,14 ponto no resultado geral. Apenas o item passagem aérea recuou 15,22% (-0,15 ponto). De acordo com o IBGE, os combustíveis voltaram a registrar queda (-0,39%). Caíram os preços médios do etanol (-1,55%), do óleo diesel (-1%) e da gasolina (-0,31%). A exceção foi o gás veicular, com alta de 5,86%.
Ainda nesse grupo, o táxi subiu 1,25%, com reajustes no Rio de Janeiro e em Salvador. Já o ônibus urbano caiu 0,92%, em média, com influência da gratuidade em São Paulo (domingos e feriados), apesar de reajuste de tarifas em Belo Horizonte e Vitória. Mas São Paulo teve reajuste nos preços do trem e do metrô.
Energia cai, gás aumenta
Por sua vez, o grupo Habitação teve variação de 0,25%. A energia elétrica residencial variou -0,64%, com incorporação de alterações nas alíquotas do ICMS em Recife, Fortaleza e Salvador, além de reajuste em Rio Branco. A taxa de água e esgoto subiu 0,83%, com aumentos em São Luís, Belo Horizonte e Campo Grande. O gás encanado aumentou 0,22%.
O grupo Saúde e Cuidados Pessoais teve a segunda maior alta de janeiro: 0,83%. Itens de higiene pessoal subiram 0,94%. Também aumentaram os planos de saúde (0,76%) e produtos farmacêuticos (0,70%).
Entre as regiões pesquisadas, o IPCA variou de -0,36% (Brasília, a única queda do mês) a 1,10% (Belo Horizonte). No acumulado em 12 meses, o índice vai de 2,79% (São Luís) a 5,34% (também BH). Na Grande São Paulo, o IPCA foi de 0,25% em janeiro, somando agora 4,51%.
INPC: 3,82%
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve alta de 0,57%, acima de dezembro e também de janeiro do ano passado. Com isso, foi a 3,82% em 12 meses. Produtos alimentícios tiveram alta de 1,51%, ante 1,20% no mês anterior. Já os não alimentícios passaram de 0,35% para 0,27%.
(Foto: Germano Luders/Exame)