Alessandro Moretti, segundo investigadores da PF, manteve contato com o ex-diretor da agência, acusado de criar “Abin paralela”, e repassou informações sigilosas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (30) que, se ficar provado que Alessandro Moretti, número dois da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), favoreceu investigados pela Polícia Federal (PF) e manteve relações com o ex-diretor geral da agência Alexandre Ramagem, “não há clima” para ele permanecer no órgão. Moretti é, atualmente, o diretor-adjunto da Abin, subordinado ao diretor-geral Luiz Fernando Corrêa.
De acordo com investigadores da PF, membros da atual cúpula da Abin mantiveram contato com Ramagem e repassaram informações sigilosas. A PF deflagrou uma operação para investigar o aparelhamento político do órgão e o monitoramento de adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro por meio da ferramenta de geolocalização First Mile. Ramagem é deputado federal e foi diretor-geral da Abin durante a gestão Bolsonaro.
A investigação da PF veio a público na semana passada, gerando pressão para que Corrêa e Moretti sejam demitidos. Lula, porém, disse confiar no diretor-geral que indicou ao cargo. Mesmo assim, demonstrou insegurança quanto à equipe atual da Abin. “A gente nunca está seguro. O companheiro que eu indiquei para ser o diretor-geral da Abin é o companheiro que foi o meu diretor-geral da PF entre 2007 e 2010. É uma pessoa que eu tenho muita confiança e por isso eu o chamei, já que eu não conhecia ninguém dentro da Abin. E esse companheiro montou a equipe dele. Dentro dessa equipe tem um cidadão [Moretti], que é o que está sendo acusado, que mantinha relações com o Ramagem”, contou o presidente em entrevista à CBN Recife.
O petista também frisou que, apesar do mal-estar causado pela operação, é preciso investigar corretamente o caso antes de chegar a conclusões. “Se você se deixar levar apenas pela manchete de jornal, você muitas vezes é teoricamente contra a pena de morte, mas você está matando as pessoas sem dar chance de as pessoas se defenderem”, disse.
(Foto: Ricardo Stuckert/PR)