Ações da Gol desvalorizam 33,61% após pedido de recuperação judicial nos EUA

Papéis, que já eram penalizados pelo pedido de recuperação judicial nos EUA, agora reagem à piora no passivo a descoberto da companhia

 

As ações da Gol (GOLL4) desabaram no pregão desta segunda-feira (29) na B3, repercutindo todas as notícias negativas envolvendo a companhia aérea, desde o anúncio do pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos (EUA). O gatilho desta segunda-feira foi a divulgação de dados sobre prejuízo maior que o patrimônio líquido da empresa. O papel encerrou o dia com desvalorização de 33,61%, cotado a R$ 3,93, ante R$ 6,65 na quarta-feira, véspera do anúncio.

A Gol informou, nesta manhã, que tinha patrimônio líquido negativo em R$ 23,3 bilhões ao fim do quarto trimestre, uma piora de 6% na comparação com trimestre imediatamente anterior. O início do processo de recuperação judicial nos Estados Unidos também pesa sobre o papel. Esta tarde, a companhia informou ainda que a Justiça dos Estados Unidos deu acesso provisório a uma parcela inicial dos US$ 950 milhões do financiamento solicitado no âmbito da recuperação judicial.

“A obtenção da autorização do tribunal dos Estados Unidos para acesso a novos financiamentos permitirá à Gol continuar operando normalmente, conforme prevíamos”, diz Celso Ferrer, presidente da companhia aérea, em nota. Na noite de sexta-feira (26), a empresa informou uma dívida total de US$ 8,3 bilhões, mais de R$ 40 bilhões, e que o número de credores pode chegar a 100 mil.

Com isso, o valor de mercado da companhia aérea chegou a R$ 1,64 bilhão, segundo levantamento de Einar Rivero, da Elos Ayta Consultoria. O dado aproxima a Gol da CVC, que vale R$ 1,57 bilhão, e simboliza uma perda de mais de R$ 2 bilhões desde o começo do ano. Para efeitos de comparação, a Gol chegou a valer R$ 15 bilhões antes de a pandemia abater o setor aéreo.

O derretimento da companhia aérea no pregão desta segunda segue a esteira da autorização de financiamento pelo Tribunal de Falências do Distrito Sul de Nova York. O empréstimo DIP (sigla para Debtor in Possession), modalidade específica para empresas em situação financeira difícil, será de US$ 950 milhões. As ações chegaram a ter as negociações interrompidas por 30 minutos após o anúncio.

Na sexta-feira, um dia depois que a notícia de recuperação judicial veio a público, o juiz da corte, Martin Glenn, já havia aceitado o pedido da empresa para seguir no processo de proteção contra falência nos EUA, o chamado “Chapter 11”. Com isso, as partes –sejam pessoas físicas, sócios, corporações, estrangeiras ou nacionais– ficam proibidas de abrir ou dar continuidade a quaisquer ações judiciais ou administrativas contra os devedores, entre outros impedimentos.

(Foto: Reprodução)

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