“Só há delação quando há homologação. O que posso garantir é que há vontade de elucidação do caso”, afirmou o ministro
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse na noite desta terça-feira (23) que as investigações sobre o assassinato da vereadora fluminense Marielle Franco (PSol) avançaram desde a entrada da Polícia Federal (PF) no caso, mas afirmou ser “impossível” prever quando o resultado da apuração será apresentado à sociedade.
“Não há prazo para conclusão da investigação do caso Marielle. Eu não posso afirmar isso, e é algo complexo. O que eu posso afirmar é que a investigação avançou. Passos foram dados e continuam a ser dados na direção certa. Há estimativas de que a investigação está próxima do final, mas não é possível dizer se são dias, semanas ou meses”, disse Dino em coletiva de imprensa após participar da primeira reunião com seu sucessor, Ricardo Lewandowski, para discutir a transição na pasta.
Aos jornalistas, Lewandowski prometeu seguir com o trabalho iniciado pela gestão de Dino e reiterou que a pasta focará em “respostas à sociedade no que diz respeito à segurança pública”.
As declarações surgem após o acordo de delação premiada fechado pelo ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de ter feito os disparos que mataram a ex-vereadora do Rio, em 2018. Lessa disse que o ex-deputado estadual pelo MDB Domingos Brazão, 58 anos, foi um dos mandantes do assassinato. Dino também inseriu as investigações no contexto do combate mais amplo ao crime organizado no Rio de Janeiro, exaltando a cooperação entre a Polícia Federal e o Ministério Público do estado. O ministro disse que aposta nessa cooperação para solucionar o crime.
O ministro evitou comentar a delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos contra a vereadora. Para Dino, a colaboração só existirá após ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. “Antes, a Polícia Federal já havia obtido outra delação (a do policial aposentado Élcio de Queiroz). Com isso, é natural que existam novos atos de investigação. Os desdobramentos dos atos daquela delação podem levar a outras delações”, declarou. “Mas só há delação quando há homologação. O que posso garantir é que há vontade de elucidação do caso”, acrescentou.
De acordo com o site The Intercept Brasil, Lessa teria implicado o ex-deputado estadual Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, como um dos mandantes do assassinato de Marielle. O nome de Brazão apareceu pela primeira vez no caso em 2019, por suspeitas de obstrução das investigações, e voltou à tona no fim do ano passado, em meio à delação premiada de Élcio Queiroz, motorista que dirigiu o carro para Ronnie Lessa durante o crime.
(Foto: Lula Marques/Agência Brasil)