IPCA: Inflação fecha 2023 em 4,62% e fica dentro da meta pela primeira vez desde 2020

Índice de aumento de preço caiu à metade na comparação entre 2021 e 2023

 

A inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou dentro da meta em 2023, algo que não acontecia desde 2020. O Índice registrou variação de 4,62% no primeiro ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A meta era de até 4,75%. As informações foram divulgadas na manhã desta quinta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 2021, o IPCA fechou com alta de 10,06%. Em 2022, 5,79%. Os dois foram os últimos anos de gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No ano todo, a inflação foi menor principalmente por conta de um aumento reduzido do preço dos alimentos e bebidas. Em 2022, eles haviam subido 11,64%. Contribuíram com 2,41 ponto percentual para o índice geral de 5,79%. Isso significa que cerca de 40% de toda a inflação daquele ano foi causada pelo aumento da comida.

Neste ano, a comida subiu 1,03%. Isso impactou em 0,23 ponto na inflação. Ou seja, a comida foi responsável por menos de 5% do índice final. Foi o menor valor registrado desde 2017, quando fechou aquele ano com queda de 1,87%. O óleo de soja ficou 28% mais barato no ano passado, seguido do frango em pedaços (-10,12%) e das carnes (-9,37%).

“O grupo de produtos alimentícios ajudou a segurar o índice de 2023. A queda na alimentação no domicílio reflete as safras boas e a redução nos preços das principais commodities no mercado internacional, como a soja e o milho”, analisa o gerente do IPCA, André Almeida.

Já o preço dos itens de transporte aumentou 7,14%, e puxou a inflação para cima. Dos 4,62%, 1,46 ponto percentual tem a ver com transporte. O aumento está relacionado à alta de 12,09% da gasolina durante 2023. Esse aumento ocorreu, em parte, porque o governo federal voltou a cobrar impostos sobre o combustível. Os tributos haviam sido zerados por Bolsonaro às vésperas da eleição de 2022.

Por conta do desconto em impostos sobre combustíveis, o preço dos itens de transporte havia caído 1,29% no ano passado. Segundo o IBGE, itens de saúde subiram 6,58% em 2023 por conta do aumento de até 9,63% dos planos de saúde. Itens de habitação subiram 5,06%, pressionados pela alta de 9,52% da energia elétrica residencial.

Outra boa notícia foi a inflação de serviços, que cedeu para 6,22% em 2023 e foi a menor desde 2021. O segmento abarca diferentes preços – desde refeições em restaurantes e aluguel, até consulta médica, escolas, passagem aérea e serviços de beleza. E são justamente estes serviços que são acompanhados de perto pelo Banco Central (BC), pois quando sobem de preço, a tendência de desaceleração é lenta.

Nos índices regionais, Brasília foi a área com a maior inflação em 2023: 5,50%. O menor resultado foi em São Luís: 1,70%, puxado pelas quedas de 13,52% nos preços das carnes.

INPC

O Índice Nacional de Preços do Consumidor (INPC), por sua vez, fechou o ano em 3,71%. Também ficou abaixo dos 5,93% registrados em 2022. O INPC é o índice que serve para o cálculo de aumento do salário mínimo. Ao final de 2024, esse índice será somado ao percentual de crescimento da economia em 2023 para definir qual será o valor do piso salarial nacional a partir de 2025.

(Foto: Leo Martins/Agência O Globo)

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