Presidente do PT reforçou posição crítica de ala do partido à busca pelo déficit zero nas contas públicas
A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), respondeu às afirmações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também em entrevista ao jornal O Globo, de que a sigla e membros do governo Lula tenham avaliações negativas do seu trabalho na pasta econômica. Haddad apontou o fato de alguns petistas comemorarem dados positivos da economia em 2023 e creditarem apenas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto criticam medidas da Fazenda, como o arcabouço fiscal.
Hoffmann, por sua vez, destacou que as críticas do partido não indicam que “está tudo errado” nas ações do ministro, mas sim expressam preocupação com uma “política fiscal contracionista”. “É um direito do partido e até um dever fazer esses alertas e esse debate, isso não tem nada de oposição ao ministro e nem a ninguém. É da nossa tradição”, afirmou Hoffmann na entrevista.
A parlamentar também criticou o fato de Haddad ter abordado a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026. Haddad afirmou que Lula deve ser candidato à reeleição em 2026, mas lembrou que o PT terá de se preparar para discutir um sucessor em algum momento. “Acho extemporânea a discussão sobre a sucessão do presidente Lula. Nós precisamos fazer com que tudo dê certo porque é isso que vai garantir a sucessão, inclusive a reeleição de Lula na próxima eleição. Temos que entregar resultados ao povo brasileiro, foi para isso que a gente elegeu o presidente Lula e fizemos o enfrentamento que fizemos ao longo desse tempo”, afirmou Gleisi.
Haddad, em sua entrevista, mencionou a existência de críticos dentro do PT, observando “cards” divulgados sobre a economia, sem citar nomes. A presidente do PT negou que a resolução do Diretório Nacional do partido, aprovada em dezembro, critique especificamente o ministro. Segundo ela, a resolução destaca indicadores positivos da economia e demonstra preocupação com a política fiscal.
“A nossa resolução é positiva para o governo, o que nós criticamos foi a política monetária do Banco Central, dizendo que com uma política monetária contracionista, que vai continuar, os juros estão caindo a conta gotas na nossa visão, a gente não pode ter uma política fiscal contracionista”, explicou Hoffmann.
Ela ressaltou que a intenção não é fazer oposição ao ministro, mas sim expressar preocupações e debater questões econômicas. Hoffmann afirmou que pretende conversar com Haddad sobre o assunto quando retornar a Brasília. “Não estou em Brasília e não falei com ele. Quando eu voltar, não tem problema nenhum, é conversando que a gente se entende, inclusive falando as coisas”, disse a presidente do PT.
(Foto: Sérgio Lima/Poder360)