Em reunião com ministros, Lula elogiou Haddad e se despediu de Flávio Dino: “o comunista do bem”
No início da reunião ministerial nesta quarta-feira (20), realizada no Palácio do Planalto, presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou que está organização um ato democrático no dia 8 de janeiro, juntamente com líderes do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional, para lembrar a tentativa de golpe. O presidente, que fará uma pausa na agenda entre os dias 26 de dezembro e 3 de janeiro, fez o anúncio para pedir que todos os ministros estejam em Brasília no início do ano.
“Nós estamos convidando um ato para lembrar a tentativa de golpe no dia 8 de Janeiro”, disse Lula. “O ato está sendo convocado por mim, pelo presidente do Senado, presidente da Câmara e presidente da Suprema Corte – o Flávio Dino está preparando para saber qual plenário a gente vai fazer. E quero lembrar os companheiros e companheiras ministras: ninguém está pedindo para não viajarem, mas eu quero a presença de todos os ministros e ministras no dia 8 de janeiro, aqui, deve ser na Câmara ou no Senado”, afirmou Lula.
O presidente aproveitou para classificar o encerramento do primeiro ano de gestão como “situação muito boa”, mas que é “excepcional”, quando considerada “a realidade que pegamos esse país”. Durante o encontro, o presidente ainda elogiou a articulação do governo e disse que a negociação com o Congresso continuará sendo foco no ano que vem. Esta fala inicial foi transmitida. Em seguida, a reunião foi fechada. O presidente afirmou que, no próximo ano, manterá a aposta no diálogo com os partidos, com vitórias e derrotas no Congresso.
“A gente vai continuar no ano de 2024 com esse mesmo jeito de governar: conversando com todo mundo, perde alguma coisa, ganha outra coisa, mas estabelecer como regra extraordinária a capacidade de conversação, a capacidade do diálogo”, disse.
Já durante a reunião, Lula exaltou a atuação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para aprovar a PEC da Transição, no final do ano passado, ainda no governo de Jair Bolsonaro, e a reforma tributária, que foi promulgada pelo Congresso na tarde desta quarta. “Em dezembro de 2022, poucas pessoas no mundo acharam que a gente pudesse chegar no final de 2023 do jeito que nós estamos chegando. Nós estamos chegando numa situação, eu diria, muito boa. Não é uma situação excepcional porque nós sempre queremos mais, mas acho que nós chegamos numa situação excepcional se a gente levar em conta a realidade que nós pegamos esse país”, declarou Lula.
“A gente nunca pode esquecer que a gente teve que começar a governar praticamente um mês e meio antes de tomarmos posse, com a PEC da Transição. Eu quero começar agradecendo aos líderes no Congresso, na Câmara, no Senado, ao trabalho que fizeram os ministros, sobretudo o Haddad, tentando negociar a PEC da Transição”, complementou.
Comunista do bem
O presidente ainda se despediu de Flávio Dino, que deve deixar o governo após o ato e entrar em férias até fevereiro, quando assume a vaga deixada por Rosa Weber no STF. Antes, o presidente voltou a brincar com a nomeação de um “comunista” para a corte, agradeceu a Dino e enfatizou as diretrizes que considera essenciais a um ministro do STF. “Obviamente que vamos ter uma fala especial do nosso querida Flávio Dino, que foi eleito ministro da Suprema Corte desse país. Segundo a extrema-direita, o primeiro comunista a assumir a Suprema Corte. E eu espero que seja um comunista do bem, que tenha amor, carinho e, sobretudo, que seja justo”, disse Lula.
“Porque ali [no STF] não pode prevalecer apenas a questão ideológica. Ali, meu caro Flávio Dino, com a tua competência, só tem uma coisa que você não pode trair: é seu compromisso com o povo brasileiro e com a verdade. Um ministro da Suprema Corte não tem que ficar dando entrevista, dando palpite sobre o voto. Ele fala nos autos do processo e é isso que interessa para que interessa a quem recorre. Eu estou confiante que você será motivo de orgulho para nosso país”, disse Lula.
(Foto: Ricardo Stuckert/PR)