O encontro está previsto para ocorrer na próxima quinta-feira (14) em São Vicente e Granadinas, país do Caribe; reunião vai contar com a presença de Nicolas Maduro e Irfaan Ali
Os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Guiana, Irfaan Ali, se reunirão na quinta-feira (14), em São Vicente e Granadinas, no Caribe, para discutir a disputa em torno de Essequibo. A região da Guiana, com grandes reservas petrolíferas e outros minerais, passou a ser disputada por Caracas, que pretende incorporá-la. Convidado para mediar o debate, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não irá, mas escalou o assessor especial para assuntos internacionais Celso Amorim para substitui-lo.
Na quarta-feira (13) Lula tem agenda, ainda não confirmada, em reunião virtual do G-20. Na quinta, deve viajar a Curitiba para assinar contratos da usina de Itaipu. O primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, vem desempenhando papel de negociador de um acordo entre os países. Marxista, Gonsalves é também conhecido como “camarada Ralph” e é aliado de Maduro e Cuba.
“Ambos (Irfaan Ali e Maduro) concordaram que esta reunião seja celebrada sob os auspícios da Celac (Comunidade dos Estados Latino-americanos e do Caribe) e da Caricom (Comunidade do Caribe)”, disse Gonsalves em comunicado.
“Dados os acontecimentos e circunstâncias que rodearam a disputa territorial (…) avaliamos, no interesse de todos (…), a necessidade urgente de desescalar o conflito e instituir um diálogo adequado, face a face, entre os presidentes da Guiana e da Venezuela”, observa o texto. “Ambos (os presidentes) têm sido a favor desta posição na busca pela coexistência pacífica”.
Na mesma carta, afirmou que os dois lados solicitaram a presença de Lula, que, entretanto, prefere não se expor. Mas a escolha de Amorim para representá-lo indica que considera o encontro de grande importância. No sábado (9), Lula conversou com Maduro por telefone. Segundo o Planalto, o brasileiro “transmitiu a crescente preocupação dos países da América do Sul sobre a questão do Essequibo”.
O Planalto não adota cautela apenas retórica, já que o Brasil faz fronteira com Guiana e Venezuela. O Exército brasileiro decidiu antecipar o envio de 16 blindados para Roraima. Os veículos devem ser deslocados para Pacaraima, que faz fronteira com a Venezuela.
Se decidisse invadir a Guiana por terra em uma operação de larga escala, a Venezuela teria necessariamente de passar pelo território brasileiro, inclusive pelo município de Pacaraima. Não haveria outro meio, porque a fronteira entre os dois países que disputam Essequibo é de floresta amazônica densa, o que obrigaria blindados e tropas de Caracas a terem de contornar pelo Brasil.
Segundo o Exército, a 1ªBrigada de Infantaria de Selva, em Roraima, tem um efetivo de quase dois mil militares e intensificou sua ação de presença naquela faixa de fronteira “visando atender, em melhores condições, à missão de vigilância e proteção do território nacional”.
(Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles)