Líder indígena do Pará que discursou na ONU é encontrado morto; PF abre investigação

Após as declarações na organização internacional, o indígena passou a ser alvo de ameaças

 

Tymbektodem Arara, um líder indígena da Terra Indígena (TI) Cachoeira Seca, localizada a 250 km de Altamira, no Pará, foi encontrado morto em um rio no último dia 14, supostamente por afogamento. O caso ocorreu apenas duas semanas após Tymbek, como era conhecido, ter ido à Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, na Suíça, para denunciar a invasão de terras na TI Cachoeira Seca, onde vive a etnia Arara.

A Polícia Federal no Pará está investigando as circunstâncias da morte do líder indígena. Na organização internacional, Tymbektodem denunciou, em 28 de setembro, a invasão na terra em que vive por madeireiros ilegais. A região onde ele vivia era uma comunidade isolada, sem contato com não indígenas. Após o contato com pessoas não indígenas, os nativos desenvolveram doenças e vícios, como a dependência de álcool.

“Somos um povo de contato inicial, viemos aqui para exigir que se respeite nossa vida e nosso território. Sofremos muitas invasões. A demarcação só ocorreu 30 anos depois do contato com os não indígenas, em 2016”, discursou Tymbek na ONU. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), cerca de 697 km² de floresta foram desmatados na TI Cachoeira Seca entre 2007 e 2022.

Testemunhas relataram que tanto Tymbek quanto o cacique da tribo receberam mensagens ameaçadoras após a denúncia. “Nenhum dizendo ’Vou te matar’, mas ’Ah, você está aí? Que bom que está defendendo sua terra’, ’Vocês não têm medo?’, ’O que estão fazendo aí?’”, contou uma pessoa que esteve com Tymbek na ONU.

A Polícia Federal investiga a versão de que o indígena teria se afogado e avalia se o óbito ocorreu por acidente ou se foi provocado. Uma das versões é de que o líder da comunidade tradicional teria pulado no rio enquanto estava alcoolizado. Um outra dá conta que ele teria sido jogado do barco. Após o discurso na ONU, Tymbektodem recebeu ameaças e precisou de escolta da Força Nacional.

(Foto: Reprodução/Instagram/conectas)

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