Colegiado também reconvocou o tenente-coronel Mauro Cid a prestar depoimento
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas de 8 de janeiro aprovou a quebra do sigilo telefônico e telemático da deputada Carla Zambelli (PL-SP) e acesso ao Relatório de Inteligência Financeira (RIF) da parlamentar. A comissão também aprovou a reconvocação do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid. Na última sessão, o hacker Walter Delgatti afirmou que Zambelli foi a intermediária do encontro com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com objetivo de discutir possíveis fraudes nas urnas eletrônicas. Ele não apresentou provas. O colegiado também aprovou o requerimento de quebra de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático de Delgatti.
A CPMI aprovou ainda a quebra dos sigilos telefônicos e telemáticos de Bruno Zambelli, irmão da deputada. Outra convocação aprovada foi a do segundo-tenente Osmar Crivelatti, assessor de Bolsonaro e parte da equipe de Cid. Também assessor do ex-presidente, Tércio Arnaud Tomaz também teve a quebra dos sigilos aprovada.
No início da sessão, o presidente da comissão, Arthur Maia (União-BA), anunciou que prevê encerrar a CPMI na segunda metade de outubro. Segundo ele, a expectativa é que a relatora, Eliziane Gama (PSD-MA), leia o relatório final no dia 17 de outubro e que o documento seja votado na sessão seguinte. Maia também disse que devem ser realizadas mais 12 oitivas até o encerramento da comissão, entre elas a do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Gonçalves Dias, que está agendada para a próxima terça-feira. Por fim, o colegiado também aprovou um pedido ao Exército para que forneça processos, sindicâncias e inquéritos instaurados para investigar militares que deveriam ter protegido o Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro.
Bate-boca
Parlamentares da oposição se queixaram de que boa parte dos requerimentos aprovados hoje foram propostos pela base governista, que tem maioria no colegiado. Houve bate-boca entre Maia e o deputado Marco Feliciano (PL-SP). O deputado baiano desligou o microfone de Feliciano e afirmou que não permitiria tumulto no início da audiência. Em seguida, a deputada Laura Carneiro (PSD-RJ) se levantou e saiu em defesa de Maia, pedindo respeito ao presidente do colegiado. “Você não vai falar, não. Quem conduz essa porcaria aqui é ele (…). Aprenda a respeitar mulher e homem também (…) Vai para a porr…”, disse ela, batendo a mão na mesa.
Depois, os ânimos se acalmaram e foi iniciada a oitiva do segundo-sargento do Exército Luis Marcos Reis, ex-supervisor da Ajudância de Ordens da Presidência da República. Ele foi chamado à CPMI para explicar as movimentações financeiras atípicas em sua conta bancária – R$ 3,3 milhões de fevereiro de 2022 a maio de 2023.
A última reunião da CPMI foi adiada por falta de acordo entre base e oposição – o encontro também foi marcado por bate-boca e gritaria. Após o impasse, Maia divulgou a pauta da comissão, com os 57 requerimentos que foram aprovados hoje. Entre as medidas há também quebras de sigilo telefônico e telemático dos ex-assessores Tércio Arnaud Tomaz e José Matheus Salles Gomes, ex-assessores de Bolsonaro que cuidavam das redes sociais dele.
(Foto: Gabriela Biló)