“15ª Cúpula do BRICS”: Expectativas dos governos dos cinco países participantes

Henrique Acker (Correspondente Internacional)  –  Na mensagem que publicou no twitter antes de partir para Joanesburgo, o Presidente Lula defendeu ser “fundamental a cooperação entre os países do Sul Global (Ásia, África e América Latina) no enfrentamento das desigualdades, da crise climática e por um mundo mais equilibrado e justo”. Na agenda de Lula da Silva está a possível “expansão” do fórum BRICS, um assunto que “não é um tema novo” e sobre o qual as discussões têm avançado nos últimos tempos, segundo o diretor do departamento para a Ásia do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Eduardo Saboia.

China – O país está particularmente motivado com uma retomada plena das atividades do BRICS, como aliança política internacional e pólo de atração para novos parceiros econômicos. As importações e exportações da China com outros membros do bloco aumentaram 19,1% em termos anuais, para 2,38 trilhões de yuans (US$ 330,62 bilhões) de janeiro a julho, de acordo com dados da Administração Geral das Alfândegas. As exportações cresceram 23,9% em termos anuais, para 1,23 trilhão de yuans, enquanto as importações aumentaram 14,3% em termos anuais, para 1,15 trilhão de yuans. As trocas com esses países representaram 10,1% do volume total de comércio exterior da China nos primeiros sete meses de 2023. Em 2022, o comércio da China com os outros países do BRICS cresceu 17% em termos anuais, atingindo 3,69 trilhões de yuans.

Rússia – Isolada pelos EUA, União Européia e países aliados nos planos econômico e político internacional, a Rússia é um dos membros mais interessados na retomada e crescimento do BRICS. O presidente Putin participará do evento por videoconferência. A Rússia será representada em Joanesburgo pelo seu ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov. “O BRICS é visto como uma força positiva que pode fortalecer a solidariedade do Sul Global e do Leste Global e se tornar um dos pilares de uma nova ordem mundial policêntrica mais justa. Os cinco países estão prontos para atender a este pedido. É por isso que lançamos o processo de expansão”, declarou Lavrov em recente artigo para a revista Ubuntu, da África do Sul.

Índia – De acordo com a Agência de notícias Tass (Rússia), o governo de Nova Delhi está aberto à ideia de expandir o grupo BRICS. “Deixamos muito claro desde o início que temos uma intenção positiva e uma mente aberta quando se trata da expansão do BRICS”, declarou em entrevista coletiva o secretário de Relações Exteriores da Índia, Vinay Mohan Kwatra. O governo indiano aparenta mais cautela quando o assunto é a criação de uma moeda única comum para transações internacionais. A Índia estará representada oficialmente em Joanesburgo pelo primeiro-ministro, Narendra Damodardas Modi.

África do Sul – Como chefe do país anfitrião da 15ª cúpula do BRICS, o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, apelidou o evento de “cúpula da expansão”. O governo da África do Sul tomou a iniciativa de convidar líderes de 53 países do continente africano. Boa parte desses países estão praticamente alijados de qualquer iniciativa dos países do G7 ou mesmo do G20, que reúnem as nações mais ricas do Planeta. Com o avanço dos investimentos chineses em infraestrutura na África, a necessidade de romper laços com os antigos impérios e a influência política e militar crescente da Rússia, cresce o interesse de muitos países africanos em se aproximar ou mesmo integrar o BRICS. “O primeiro passo decisivo poderia ser o desenvolvimento da moeda compartilhada do BRICS, que libertaria uma parte substancial do mundo da dominação do dólar americano”, alertou Xavier Messe A Tiati, diretor-geral da Agência de Notícias dos Camarões (CNA). (Foto: Reprodução)

 

Por Henrique Acker (Correspondente Internacional)

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