Haddad atribui elevação de nota de crédito do Brasil à ‘harmonia entre os Poderes’

Agência de classificação de risco Fitch Ratings elevou de “BB-” para “BB” a nota de crédito do Brasil, com perspectiva em estável. Segundo relatório da agência, elevação reflete desempenho macroeconômico e fiscal melhor que o esperado.

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), creditou à “harmonia entre os Poderes” a elevação da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco Fitch Ratings. “Tem muito trabalho pela frente, mas estou muito confiante e reputo esses resultados à harmonia entre os Poderes da República. Sempre salientei que a chamada crise econômica que o Brasil vive é o desdobramento de uma crise de natureza política. Se nós acertarmos o passo na política, no diálogo, na construção, vamos superar essa situação e voltar a crescer com sustentabilidade social, ambiental e fiscal”, disse o ministro na abertura de uma entrevista coletiva em Brasília, nesta quarta-feira (26).

“A Fitch é a primeira das grandes que muda a nota. Eu sempre disse e continuo acreditando que a harmonia entre os Poderes é a saída para que nós voltemos a obter grau de investimento. Nós temos potencial de recursos naturais, recursos humanos, reservas cambiais, tecnologia, parque industrial. Não tem cabimento o Brasil viver o que viveu nos últimos anos”, acrescentou Haddad.

O ministro ainda destacou que tem tido “grande apoio” do Congresso Nacional e citou nominalmente os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), além do deputado Baleia Rossi (SP), presidente nacional do MDB,  e dos senadores Davi Alcolumbre (União-AP) e Eduardo Braga (MDB-AM), pela atuação na reforma tributária. Sobre a matéria, aprovada pela Câmara e agora no Senado, Haddad destacou que ela “é a principal reforma em curso, mas não a única”.

“É fundamental para que esses resultados continuem acontecendo. Tem muito trabalho pela frente. É só uma sinalização, que vem ao encontro das nossas expectativas”, concluiu.

Mais cedo, o Ministério da Fazenda disse em nota que “reitera seu compromisso com a agenda de reformas em curso, que contribuirá não apenas para o melhor balanço fiscal do governo, mas também levará à redução das taxas de juros e à melhoria das condições de crédito, ao mesmo tempo em que assegurará a estabilidade dos preços”.

“Desta forma, serão criadas as condições para a ampliação dos investimentos públicos e privados e a geração de empregos, aumento da renda e maior eficiência econômica, elementos essenciais para o desenvolvimento econômico e social do país”, completa o texto.

O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, também comemorou a elevação da nota. “Isso é muito importante, vem na linha do que estamos anunciando desde o início do ano, um plano de voo com equilíbrio fiscal e mais crescimento econômico”, disse. Segundo Ceron, a mudança de nota pela Fitch denota que o caminho trilhado é correto e os resultados começam a aparecer.

A Fitch elevou de “BB-” para “BB” a nota de crédito do Brasil, com perspectiva em estável. A nota do Brasil foi rebaixada pela agência de risco em 2018, no governo Temer, quando o país passava por déficit fiscal, crise nas contas públicas e fracasso de aprovar em aprovar a reforma da Previdência.

De acordo com o comunicado da Fitch, a atualização da classificação de risco do Brasil reflete um desempenho macroeconômico e fiscal melhor do que o esperado “em meio a sucessivos choques nos últimos anos, políticas proativas e reformas que apoiaram isso e a expectativa da Fitch de que o novo governo trabalhará para melhorias adicionais”.

“A elevação dos ratings do Brasil reflete o desempenho macroeconômico e fiscal acima do esperado em meio a choques sucessivos nos últimos anos, políticas proativas e reformas que apoiaram isso e a expectativa da Fitch de que o novo governo trabalhará para melhorias adicionais”, afirma a agência.

Já existiam sinais de mudança na avaliação das agências de classificação de risco. Em junho, a Standard&Poor’s (S&P) mudou a perspectiva da nota de crédito do Brasil de estável para positiva. Foi a primeira mudança desde 2019. Essa decisão funciona para o mercado financeiro como um termômetro das contas públicas brasileiras, já que evidencia a melhora na avaliação da agência em relação à capacidade do Brasil de honrar seus compromissos financeiros.

Esse tipo de informação pode influenciar na decisão de investidores estrangeiros alocarem capital no Brasil, o que pode acentuar ainda mais a atual trajetória de queda do dólar frente ao real, entre outros efeitos. A moeda americana abriu em queda nesta quarta-feira.

O Brasil ganhou o grau de investimento pela primeira vez em sua História, conferido pela S&P, em 2008, na primeira gestão do governo Lula. A decisão foi seguida pelas outras duas grandes agências: Fitch, no mês seguinte, e Moody’s, em setembro de 2009. A S&P retirou o grau de investimento do Brasil em 2015 em meio a um contexto de grave crise econômica. A Fitch fez o mesmo e fez novo rebaixamento em 2018.

(Foto: REUTERS/Agustin Marcarian)

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