Lula recebeu, no Palácio do Planalto, embaixadora dos EUA e o chefe da Nasa, Bill Nelson, que anunciou que novas aeronaves terão capacidade de captar fotografias precisas de queimadas, desgaste dos solos e depósitos de sedimentos no oceano, pelo rio Amazonas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu na manhã desta segunda-feira (24) o ex-senador Bill Nelson, administrador-geral Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (Nasa), e a embaixadora dos Estados Unidos (EUA) no Brasil, Elizabeth Frawley Bagley, no Palácio do Planalto. O encontro contou ainda com a presença da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos. Na oportunidade, foram discutidos temas como a cooperação científica entre Brasil e Estados Unidos na área espacial e a obtenção dos dados sobre o meio ambiente monitorados pela agência norte-americana.
Astronauta aposentado, Bill Nelson relembrou a parceria com o governo brasileiro através do programa Servir-Amazônia, criado em 2005, que obtém informações via satélites de observação da terra e tecnologias geoespaciais para auxiliar na compreensão das mudanças do meio ambiente, avaliar ameaças climáticas, obter respostas rápidas a catástrofes ambientais e auxiliar na tomada de decisões do poder público. Ele anunciou que novas aeronaves terão capacidade de captar fotografias precisas de queimadas, desgaste dos solos e depósitos de sedimentos no oceano, pelo rio Amazonas. “Ele quer propor mais três outras parcerias de satélites que possam fazer a análise mais aprofundada, por exemplo, através das copas das árvores”, revelou a ministra de Ciência e Tecnologia.
Após o encontro, Bill Nelson disse que falou com Lula sobre ter visto, há 37 anos, que já era possível ver do espaço os efeitos do desmatamento e das queimadas na floresta. “Agradeci ao presidente Lula por seu trabalho persistente para salvar a Amazônia. Agradeci em nome de todos os cidadãos da Terra”, afirmou, o astronauta aposentado, que presenteou o presidente do Brasil com um quadro com fotografias espaciais do acervo da agência e as bandeiras dos países.
Um desses projetos é a criação dos Acordos de Artemis, liderados pela agência espacial norte-americana. Trata-se de um conjunto de regras que controlam a exploração internacional da Lua. Atualmente, 23 nações assinaram os acordos, incluindo o Brasil, que passou a fazer parte da lista dos signatários em 2021. A iniciativa busca garantir princípios e práticas para a exploração espacial de forma sustentável, além de dar margem para que a indústria de cada país possa desenvolver novas tecnologias para o programa.
Segundo informações da embaixada dos Estados Unidos, a reunião de Lula com o representante da NASA busca aprofundar a cooperação bilateral entre as nações em diferentes áreas relacionadas à inovação e pesquisa, visando o cumprimento de metas mútuas. Uma delas inclui o combate às mudanças climáticas e o objetivo de alcançar emissões Net Zero até 2050. O termo se refere à neutralidade do carbono, ou seja, quando as emissões remanescentes do gás são compensadas por seu sequestro. Estudantes brasileiros poderão se reunir com Bill Nelson para discutir a educação nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática conhecidas como STEM, na sigla em inglês. Eles vão ter a oportunidade de discutir suas respectivas funções enquanto membros da Geração Artemis.
A vinda do administrador da NASA ao Brasil faz parte de uma sequência de visitas a autoridades governamentais de diferentes países da América do Sul. Ele ainda vai viajar à Argentina e Colômbia. Atualmente, a agência espacial conduz atividades junto destas nações. Uma delas é o programa SERVIR Amazônia, que trabalha com dados da NASA para capacitar cientistas e pesquisadores na região. Desde 2005, o projeto vem trabalhando para promover o uso de informações fornecidas por satélites de observação da Terra e de tecnologias geoespaciais. Assim, é possível tomar melhores decisões, monitorar e compreender mudanças ambientais e responder rapidamente a desastres naturais. O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) é um dos parceiros da NASA do programa.
(Foto: Ricardo Stuckert/PR)