DIRETÓRIO
Nesta sexta-feira, o Diretório Municipal do MDB de Belém elege sua nova direção. Ou melhor, renova o mandato do seu presidente, o deputado José Priante, que vem conduzindo o partido na capital já a vários anos. Produto de sua liderança e capacidade de articulação, somente uma chapa está registrada. O seu lugar-tenente, Irlendes Wanzeller, popularmente conhecido como Alemão, assume a secretaria geral. O desafio da nova direção é preparar o partido para as eleições do ano que vem.
RESILIÊNCIA
Quando muitos imaginavam que Priante reduziria sua votação pelo fato do MDB ter lançado vários candidatos a deputado federal que antes o apoiavam, como os ex-prefeitos Wagner Machado (Piçarra) e Di Gomes (Salinópolis) e ter perdido a parceria de deputados estaduais como Chamonzinho (o mais votado nas últimas eleições), ele novamente surpreendeu. Passou de 154.647 votos para 167.275. Um crescimento de 12.628 sufrágios, fazendo com que passasse de quinto colocado no pleito de 2018 para quarto em 2022. Priante continua sendo um dos deputados mais influentes no Congresso Nacional.
CENSO
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas apresentou na última quarta-feira o Censo 2022, com dois anos de atraso. Segundo o IBGE, a população brasileira cresceu de 190,7 milhões em 2010, para 203 milhões de habitantes em 2022. Um crescimento de 6,5%. Já o Pará cresceu 7,1% nesses 12 anos. Pulou de 7.581.051 moradores para 8.116.132 residentes e consolidou sua posição de 9º estado mais populoso do País. Um aumento de 535.081 habitantes no período.
CAMPEÕES
O município de Canaã dos Carajás foi o que experimentou o maior crescimento em todo o País. Pulou de 10.352 habitantes em 2010 para 28.605 em 2022. Um crescimento da ordem de 176,3%. Parauapebas também se destaca como o 8º município que teve maior crescimento da população. Além dos dois municípios turbinados pela exploração do minério de ferro na região de Carajás, também mais que dobraram suas populações os municípios de Senador José Porfírio, Vitória do Xingu e Anapu.
QUEDA
Em contrapartida, 45 municípios paraenses perderam habitantes. Belém diminuiu em 90.010. Os municípios de São Félix do Xingu (25.922 habitantes a menos), Santana do Araguaia (23.740), Ipixuna do Pará (17.552), Jacundá (13.653), Goianésia do Pará (7.584), Água Azul do Norte (6.977), Cachoeira do Piriá (6.854), Tailândia (6.804), Breu Branco (6.781), Tucuruí (5.822), Ulianópolis (5.369), Placas (5.266), Rurópolis (4.318), Eldorado dos Carajás (3.594), Aurora do Pará (2.914), Maracanã (2.564) e São Domingos do Araguaia (2.038) lideram a lista.
OUTROS
Também diminuíram em população os municípios de Trairão (1.633), Itupiranga (1.468), Concórdia do Pará (1.335), São Geraldo do Araguaia (1.332), Novo Repartimento (1.318), Bujaru (1.312), Uruará (1.231), Ponta de Pedras (1.015), Bonito (1.008), Conceição do Araguaia (940), Quatipuru (887), Nova Timboteua (864), São João da Ponta (835), Santa Cruz do Arari (710), Nova Ipixuna (690), Santa Maria das Barreiras (658), Palestina do Pará (590), Brejo Grande do Araguaia (534), Irituia (409), Garrafão do Norte (331), Medicilândia (251), Chaves (248), São Caetano de Odivelas (225), São Francisco do Pará (166), Marapanim (134), Igarapé-Açu (90) e Santarém Novo (25).
RESIDÊNCIAS
O Brasil tem uma média de 2,79 moradores por domicílio. No Pará, a média de pessoas morando por domicílio é de 3,31 pessoas. Em Belém, a média é de 3,08 moradores por domicílio. Em 2010 era de 3,77. Bagre (5,62), Melgaço (4,85) e Jacareacanga (4,69) são os municípios com maiores médias de moradores por habitação. Já Nova Timboteua (2,8), Peixe-Boi (2,81) e Rio Maria (2,82) registram as menores médias no Estado.
CONCENTRAÇÃO
Com exceção de Belém, que perdeu população, e de outros 44 municípios menores que também decresceram, todos os municípios com mais de 100 mil habitantes aumentaram seu número de moradores. Um reflexo de que está ocorrendo um processo de forte migração para as cidades de porte médio, constituindo a formação de novos polos de desenvolvimento regional no Estado. Certamente esse movimento tem a ver com a busca por empregos e melhores serviços públicos, sobretudo na área de saúde e educação.
NÚMEROS
Retirando Belém, confira a quantidade de moradores dos municípios com mais de 100 mil habitantes e seu crescimento populacional em negrito: Ananindeua – 478.778 (6.798 moradores a mais), Santarém – 331.937 (52.132), Marabá – 266.536 (32.867), Parauapebas – 266.424 (112.516), Castanhal – 192.262 (19.113), Abaetetuba – 158.188 (17.088), Cametá – 134.184 (13.288), Barcarena – 126.650 (26.791), Altamira – 126.279 (27.204), Itaituba – 123.312 (25.819), Bragança – 123.082 (9.855), Marituba – 110.515 (2.269), Breves – 106.968 (14.108), Paragominas – 105.538 (7.719).
RENHIDA
Com forte componente de disputa regional, Marabá segue resistindo bravamente ao crescimento de Parauapebas e se mantém como a quarta maior população do Estado por uma diferença de apenas 112 habitantes. No entanto, a se manter o mesmo ritmo de crescimento, a principal locomotiva da região do ferro deve alterar essa posição na tabela e se tornar a quarta maior cidade no próximo Censo. Santarém, por sua vez, retomou seus índices de crescimento e se consolidou em terceiro. Ananindeua, apesar do baixo crescimento, mantém a segunda posição.
DISTORÇÃO
Como o Pará teve uma média de crescimento populacional maior do que a do Brasil, acentua-se uma distorção de natureza política. O número de deputados federais é definido pela quantidade de habitantes de cada estado. Esse cálculo está defasado há muito tempo e se aprofunda agora. Nosso Estado já deveria ter 21 deputados federais e só tem 17. Isso significa perda de poder político e de recursos que os parlamentares conquistam para nossos municípios.
EXEMPLO
A distribuição das cadeiras por Estado foi feita com base na população à época da Constituinte de 1988. São 513 deputados federais. O Maranhão, por exemplo, tinha população maior do que a do Pará quando foi definida a distribuição. Por isso ficou com 18 deputados federais e o Pará com 17. No entanto, segundo o Censo 2022, o Pará possui hoje 8.116,132 habitantes e o Maranhão registrou 6.775.152 moradores. Uma diferença 1.340.980 habitantes. Uma distorção absurda.
SUPREMO
Esse problema da distorção na distribuição de vagas na Câmara Federal, provocada pelo aumento de população em vários estados e queda de habitantes em outros, está dormitando no Supremo Tribunal Federal (STF) há anos. O Congresso Nacional também não toma iniciativa. O fato é que a atual distribuição é absolutamente inconstitucional. Mas como bancadas de estados mais poderosos podem perder deputados na nova redistribuição, o caso continua parado. E o Pará continua sendo absurdamente prejudicado.
PREJUÍZO
No caso dos 45 municípios paraenses que perderam população, o drama é ainda maior. Além de perder peso político com a queda do número de moradores, perdem também em arrecadação. É que tanto o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), uma das principais receitas dos municípios, como o repasse de verbas para a saúde, é definido de acordo com o tamanho da população. Ou seja, com o número de habitantes a menor, receberão menos. E já existe a grita que o repasse de recursos é insuficiente para a quantidade de problemas a serem enfrentados.
XINGU
Em São Félix do Xingu, o prefeito João Kleber (MDB) – foto acima), até agora, não tem uma oposição visível preparada para disputar sua sucessão. Candidato a reeleição, ele vem tendo sua gestão turbinada pelo apoio recebido do governador Helder Barbalho e do deputado José Priante. Além disso, foi beneficiado com a escolha do deputado Igor Normando (sem partido) para presidir as Usinas da Paz. Com isso ele se licenciou da Alepa e em seu lugar assumiu o irmão do prefeito, o deputado Torrinho Torres (Podemos), que também vem lhe ajudando muito com recursos necessários para alavancar sua administração.
OPOSIÇÃO
A ex-prefeita Minervina Barros, ligada ao senador Zequinha Marinho (Podemos), não tem se manifestado se será ou não candidata. O falecido ex-prefeito Antônio Levindo, forte liderança no município, não deixou sucessor. O ex-prefeito Denimar Rodrigues, fragilizado por baixas votações nos últimos pleitos, deve ser chamado por João Kleber para reatar a antiga aliança que tinham. A não ser que surja uma nova liderança, por enquanto o prefeito está navegando em céu de brigadeiro.
FRASE
John Kennedy: “Às vezes é preciso parar e olhar para longe, para podermos enxergar o que está diante de nós”.