O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou, nesta quinta-feira (25), durante evento do Dia da Indústria, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que é na política que são encontradas as soluções para o problema do país.
Lula falava sobre o diálogo com o Congresso Nacional após a aprovação do relatório do deputado federal Isnaldo Bulhões (MDB-AL) pela comissão mista que analisa a reestruturação ministerial promovida pelo governo.
“A comissão no Congresso Nacional resolveu mexer, coisa que é quase impossível de mexer que é na estrutura de governo, porque é o governo que faz e agora começou o jogo, agora vamos jogar, vamos conversar com o Congresso e vamos fazer a governança daquilo que precisamos fazer”, afirmou Lula.
“O que a gente não pode é se assustar com a política, vou repetir toda vez que a sociedade se assusta com a política e ela começa a culpar a classe política o resultado é infinitamente pior. Já tivemos lições e é importante a gente lembrar por pior que seja a política é nela e com ela que tem as soluções dos pequenos e grandes problemas desse país”, continuou.
O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), estava presente no evento.
Pelo parecer do relator, o Ministério dos Povos Indígenas perdeu a atribuição quanto à demarcação dos territórios indígenas. Quem ficará com a função será o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Estrutura mexida
Já o Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática perdeu o controle do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e da Política Nacional dos Recursos Hídricos. O CAR vai para o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos e a política de recursos hídricos, para o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário teve incluído, entre suas competências, a comercialização, abastecimento, armazenagem e garantia de preços mínimos e a produção e divulgação de informações dos sistemas agrícolas e pecuários.
Carro popular a R$ 90 mil
Conforme Lula, um carro popular que custa R$ 90 mil não é mais popular, é de classe média.
“Quando eu deixei a Presidência em 2010, a indústria automobilística brasileira tinha uma previsão de produzir seis milhões de carros em 2015. Estamos em 2023 e a indústria automobilística brasileira acho que não está produzindo mais de dois milhões de carros.”
“Sabemos que 60% dos carros vendidos ano passado foram vendidos à vista, porque não tem política de crédito para financiar e a classe média baixa não está mais comprando carro, porque um carro popular de R$ 90 mil não é mais popular, é um carro de classe média. Então é esse país que temos que consertar.”
A fala acontece após o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), anunciar que carros de até R$ 120 mil comercializados no Brasil terão descontos em impostos.
O percentual de descontos vai variar entre 1,5% e 10,9%, conforme três critérios. O primeiro é social: quanto menor o valor do carro, maior será o desconto do IPI e PIS/ Cofins.
Em segundo lugar está a eficiência energética. Carros que poluem menos terão desconto maior nos tributos. E, por fim, está a densidade industrial: quanto maior for a produção em montadoras brasileiras, mais descontos serão aplicados.
Alckmin informou ainda que os descontos podem ser ainda maiores, pois as indústrias poderão realizar venda direta, barateando ainda mais o preço do veículo. “Se o carro se encaixar nas três diretrizes — for mais barato, poluir menos e ter mais produtos brasileiros em sua fabricação — maior será o desconto. Além disso, se foi comercializado por venda direta, o desconto aumenta”.
Taxa de juros
Sobre a taxa de juros, Lula explicou que não iria entrar no tema, porque sempre que o presidente da República critica o presidente do Banco Central, é dito que o chefe do Executivo está influenciando na economia.
Entretanto, posteriormente, Lula expôs ser uma “excrescência” para o Brasil a taxa de juros estar em 13,75%.
“Eu não vou falar da política de juros. Eu não vou falar porque quando eu era presidente da República e indicava o meu presidente do Banco Central, a Fiesp vivia em toda reunião do Copom, a Fiesp virava página no jornal criticando a política de juros. Agora, eu não indiquei o presidente do Banco Central e já fiz críticas.”
Mas nesse país que o mercado financeiro tomou conta no lugar da indústria, um presidente da República não pode nem criticar um presidente do Banco Central que ele está influenciando na economia. E quero dizer aqui dentro da Fiesp, é uma excrescência nos dias de hoje a taxa de juros ser 13,75%, é uma excrescência para esse país, o país não merece isso.”
No começo do mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu pela manutenção da taxa de juros – a Selic – em 13,75% ao ano. (Foto: Comunicação Fiesp)