Depois de ser suspenso no governo Bolsonaro, Fundo da Amazônia na gestão Lula já tem adesão de Alemanha, a Noruega e os Estados Unidos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu mais um país para o grupo de financiadores do Fundo da Amazônia. Após um encontro de 40 minutos com o chefe do executivo brasileiro, o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, informou que seu país investirá no Fundo da Amazônia. O governo britânico informou que o desembolso será de 80 milhões de libras, cerca de R$ 500 milhões.
Desde que tomou posse, em janeiro, Lula reativou o Fundo Amazônia e países como a Alemanha e a Noruega anunciaram a retomada de investimentos. Em fevereiro, o petista se reuniu com o presidente norte-americano Joe Biden e o governo dos Estados Unidos anunciou a intenção de fazer aportes ao fundo. Biden teria a intenção de liberar US$ 500 milhões para o fundo.
O Fundo Amazônia foi criado há 15 anos com o objetivo de captar recursos para o financiamento de ações de redução de emissões provenientes da degradação florestal e do desmatamento. Ele havia sido suspenso no governo anterior, devido ao descompromisso com a questão ambiental.
“Tenho o prazer de anunciar, nesta ocasião, que vamos investir no Fundo da Amazônia, e tudo isso está sendo feito por causa do seu trabalho, de sua liderança e da sua luta (pela preservação do meio ambiente)”, afirmou o líder britânico.
Sunak ressaltou o prazer de receber Lula em sua residência oficial, na 10 Downing Street, e frisou que a competição entre as duas nações só se restringe ao futebol, quando Inglaterra e Brasil entram em campo. “Nossa conversa vai ser melhor do que a competição nos jogos da Inglaterra na Copa. Além de futebol, temos muito em comum. Relações econômicas, fluxo comercial e mudança climática”, assinalou.
O anúncio do primeiro-ministro foi recebido com festa pelo governo brasileiro. Lula havia desistido de viajar a Londres para a coroação do rei Charles III. Mas a possibilidade de um encontro bilateral com Sunak fez o líder brasileiro mudar os planos. Além do prestígio do anúncio do aporte ao Fundo da Amazônia, Lula foi recebido pelo rei no Castelo de Buckingham.
Somente dez chefes de Estado estiveram nesse encontro, às vésperas da coroação. Charles é grande defensor de medidas para conter as mudanças climáticas e da preservação da Amazônia. A conversa entre Lula e Sunak teve um tom muito amistoso. Reino Unido e Brasil andavam muito afastados.
Havia uma certa má vontade dos britânicos com a administração de Jair Bolsonaro, relação que azedou de vez depois que o então presidente brasileiro esteve em Londres para o velório da rainha Elizabeth II. O país estava em comoção e Bolsonaro convocou apoiadores em frente à residência do embaixador brasileiro na Inglaterra para uma manifestação a seu favor. O tumulto provocou críticas gerais.
Atualmente, o Reino Unido é o 20º país para o qual o Brasil mais exporta produtos (US$ 3,7 bilhões) e também o 20º no ranking das importações do mercado brasileiro (US$ 2,8 bilhões), em um fluxo total de comércio avaliado em US$ 6,5 bilhões.
O Reino Unido é também um dos maiores investidores no Brasil em setores como óleo e gás, finanças e transportes. O valor do estoque de investimentos chega a US$ 36 bilhões. O Brasil também investe no Reino Unido (estoque de mais de US$ 5 bilhões).
Ucrânia
Em declaração conjunta divulgada logo após o encontro em Downing Street, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, classificaram como inaceitável a invasão da Ucrânia pela Rússia, que tem provocado a morte de milhares de inocentes. Para os dois líderes, é do interesse de ambos que a paz na região seja restabelecida. “A paz é do interesse de todos”, anotaram, no comunicado oficial.
Segundo o premier britânico, enquanto as forças da Rússia permanecerem na Ucrânia, “será impossível para o país encontrar a paz” e ressaltou a necessidade de a comunidade internacional continuar pressionando o presidente russo, Vladimir Putin, a retirar suas tropas de territórios ucranianos. O discurso é compatível com a palavra de paz que o presidente Lula tem insistido com os demais líderes mundiais.
Agenda
A agenda de Lula nesta sexta-feira ainda prevê a presença do presidente brasileiro em uma recepção oferecida pela família real britânica, no Palácio de Buckingham, às delegações estrangeiras que chegaram a Londres para o evento. A coroação de Charles III e da rainha consorte Camilla ocorrerá na manhã de sábado, a partir das 10h, na Abadia de Westminster. A cerimônia será conduzida pelo Arcebispo da Cantuária, Justin Welby, a principal autoridade da Igreja Anglicana.
Após a cerimônia, Lula participará de uma confraternização reservada, a convite do rei, juntamente com outros chefes de Estado que estarão em Londres para as festividades. O governo federal considera a viagem do presidente Lula ao Reino Unido parte do relançamento das relações diplomáticas do Brasil desde a posse presidencial em janeiro. Desde que tomou posse, Lula já visitou Argentina, Uruguai, Estados Unidos, China, Emirados Árabes, Portugal e Espanha e teve encontros com diversos líderes mundiais tanto no Brasil como no exterior.
(Foto: Kin Cheung / AFP)