Amaro foi convidado por Lula durante uma reunião ocorrida nesta quarta-feira (3), no Planalto. A sua escolha é mais um aceno à corporação
O general da reserva Marcos Antônio Amaro, 65 anos, é o novo chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Embora seu nome já estivesse sendo aventado há algumas semanas, ele só foi convidado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante uma reunião ocorrida nesta quarta-feira (3) no Palácio do Planalto, que contou com a presença do ministro da Defesa, José Múcio. Lula ainda participou de um almoço com o Alto Comando do Exército Brasileiro no Quartel-General, em Brasília. O evento foi mais um aceno do chefe do Executivo à corporação.
A escolha pelo nome de Amaro para o cargo foi uma imposição de Lula sobre integrantes mais à esquerda do PT que pressionavam por um civil para a chefia do gabinete. A decisão por um militar, no entanto, visa evitar que a relação do governo se desgaste com as Forças Armadas. Lula tem feito um esforço para se reaproximar da categoria.
No último dia 19, o petista participou da cerimônia de comemoração do Dia do Exército. O evento ocorreu no mesmo local onde, no começo do ano, estavam acampados manifestantes bolsonaristas que pediam golpe de Estado. Na cerimônia, o chefe do Executivo assistiu aos desfiles e demonstrações dos militares. Na mesma ocasião, Lula afirmou ter ficado na dúvida sobre comparecer ao evento. Ele alegou que “andava magoado”, mas garantiu ter ido para mostrar que o assunto envolvendo militares e o antigo governo Jair Bolsonaro (PL) está superado e que não guarda rancor da corporação.
Participaram do almoço o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, Renato Rodrigues de Aguiar Freire; o novo comandante do GSI, general Marcos Antônio Amaro; o ministro da Defesa, José Múcio; o general Tomás Ribeiro Paiva (Exército Brasileiro); bem como o almirante Marcos Sampaio Olsen (Marinha) e o tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno (Força Aérea Brasileira), entre outros.
O novo titular da pasta foi Secretário de Segurança Presidencial em 2010, no início do governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Por estar sempre presente onde quer que a ex-mandatária estivesse, ganhou o apelido de “sombra de Dilma”. Ele ficou no cargo por 5 anos. Amaro também foi chefe do Estado-Maior do Exército na gestão Bolsonaro entre os anos abril de 2020 e maio de 2022, quando foi transferido para a reserva.
Operação
Amaro começou a ser cotado pelo governo para assumir o GSI depois da saída de Marco Gonçalves Dias, em 19 de abril. O militar deixou o governo após vazamento de imagens dele e de agentes da pasta interagindo com golpistas no dia dos atos terroristas de 8 de janeiro. Gonçalves Dias tornou-se o ministro da 3ª gestão Lula que ficou menos tempo no cargo: 3 meses e 18 dias.
Hoje também foi deflagrada pela Polícia Federal (PF) a Operação Venire que fez buscas em um endereço do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na capital federal; além de ter prendido o ex-ajudante de ordens do ex-presidente, o tenente-coronel Mauro Cid Barbosa. No último dia 24, o ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Ricardo Cappelli, afirmou que foi orientado por Lula a acelerar a troca de servidores que prestam serviço no órgão desde o governo do ex-presidente.
Cappelli relatou ainda que cerca de 35% dos servidores foram trocados desde o início do novo governo. Desde o fim do mês passado, mais de 80 servidores do gabinete foram exonerados. Amaro deve se reunir com Paulo Cappelli ainda na noite desta quarta-feira (3). O general será responsável por nomear os substitutos dos 87 funcionários, maioria de militares, que foram demitidos nas últimas semanas. Lula havia determinado a renovação do quadro de pessoal, e há uma expectativa entre ministros do Planalto de que sejam nomeados civis para estes cargos. (Foto: Divulgação)