O observatório De Olho nos Ruralistas identificou 1.692 fazendas estabelecidas em territórios delimitados pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
Lançado no último dia 19, o relatório “Os Invasores: quem são os empresários brasileiros e estrangeiros com mais sobreposições em terras indígenas” mostra ainda que até instituições financeiras, como Itaú e Bradesco, financiam atividades que invadem as terras dos povos originários e que deveriam ser preservadas.
De acordo com o levantamento, as sobreposições em terras indígenas somam 1,18 milhões de hectares, o que corresponde a uma área do tamanho do Líbano. E, deste total, 95,5% estão em territórios pendentes de demarcação.
Agro não é pop
A destruição de reservas ambientais presentes em territórios indígenas tem como objetivo ampliar a atuação do agronegócio. O levantamento aponta que 18,6% da área sobreposta é utilizada como pasto (55,6%) e cultivo de soja (34,6%).
Bunge, Amaggi, Bom Futuro, Lactalis, Cosan, Ducoco e Nichio são algumas das empresas do setor que se beneficiam da ocupação.
O relatório chama atenção ainda para os produtores de grãos, carne, madeira, açúcar e etanol e frutas, que são os principais responsáveis pelas sobreposições.
Mercado financeiro
A conclusão sobre os donos das fazendas que destroem as terras indígenas é de uma equipe multidisciplinar de jornalistas, geógrafos, historiadores e um especialista jurídico.
Os profissionais cruzaram dados sobre imóveis cadastrados no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e também no Sistema de Gestão Fundiária (Sigef), Sistema Nacional de Cadastro Rural (SNCR) e Sistema Nacional de Certificação de Imóveis (SNCI).
Bancos e instituições financeiras não figuram como proprietários das fazendas, mas participam da apropriação por meio da pressão econômica contra as terras indígenas. Entre os apoiadores estão o Itaú (por meio da subsidiária Kinea), Bradesco, XP, Gávea Investimentos, IFC e Mubadala.
Custo ambiental e humano
Além da responsabilidade de provocar o desmatamento de 46,9 mil hectares em territórios indígenas, a invasão também está ligada diretamente aos conflitos e mortes dos povos originários, especialmente os Kanela/Timbira, no Maranhão; Guarani Kaiowá e Terena, no Mato Grosso do Sul; e Pataxó na Bahia.
“O planeta que olha para o Brasil a cobrar a preservação da Amazônia é o mesmo planeta que precisa conhecer melhor quem financia as destruições”, finaliza Castilho. (Reprodução/Funai)