Prendam os cordeiros, soltem os lobos!
(*) Por Henrique Acker – Em meio a uma crise internacional, envolvendo a disputa pela fronteira da Ucrânia com a Rússia, e agora a questão de Taiwan, o governo dos EUA é pego novamente com a boca na botija, com a revelação de novos documentos do Pentágono, tidos como secretos.
Neles, até mesmo o secretário-geral da ONU, Antonio Guterrez, é apontado como “demasiado disposto” a acomodar os interesses russos na Ucrânia. Entre o material já revelado, há espionagem do governo estadunidense até mesmo contra aliados, como a Coréia do Sul e Israel.
Esta mesma prática veio a público em 2013, quando Edward Snowden revelou o Sistema de Vigilância Global, através do qual as caixas postais de dirigentes de diversos países foram devassadas pelos serviços secretos dos EUA.
Ou seja, está evidente que o governo estadunidense insiste em patrulhar inclusive países considerados amigos.
Foi exatamente por isso que Snowden – que vive exilado na Rússia – foi processado pelo governo dos EUA, que também exige a extradição do jornalista Julian Assange, um dos dirigentes do portal Wikileaks.
Assange, preso na Inglaterra e acusado de traição, publicou milhares de documentos sobre as escandalosas operações militares do Exército dos EUA contra a população civil do Iraque e as torturas praticadas na base militar estadunidense de Guantánamo, em Cuba.
Ora, em vez deste novo escândalo provocar a condenação do governo dos EUA por parte da ONU, além da exigência de medidas concretas para cessar a espionagem indiscriminada, a coisa é tratada com como algo admissível por parte de Guterres e dos países cujos líderes foram espionados.
Mais uma vez a bomba deve estourar no colo do sujeito que trouxe a denúncia a público, que já está detido.
Por enquanto, boa parte da mídia empresarial ocidental reproduz a versão dos governo dos EUA, que trata como grave a atitude do acusado, mas faz pouco caso do conteúdo do material revelado.
Não por acaso, praticamente nenhum órgão da mídia empresarial ocidental dá o devido destaque ao caso Assange.
Sequer a tão defendida “liberdade de imprensa” move os donos dos veículos de comunicação a defender o direito de publicação de documentos do governo dos EUA. (Foto: Pentágono/Reuters)
(*) Por Henrique Acker – correspondente internacional