O ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, atualmente preso em Brasília suspeito de participar dos atos terroristas de 8 de janeiro, cada vez mais tem sua situação jurídica complicada.
Descobre-se, agora, que o homem de confiança do ex-presidente Jair Bolsonaro pediu pessoalmente à superintendência da Polícia Federal da Bahia que atuasse em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), no sentido de “apertar” a fiscalização nas rodovias do estado, no dia da eleição em segundo turno, para presidente da República.
A Polícia Federal apura os caminhos dessa viagem do ex-ministro ao estado baiano, às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais de 2022, sob pretexto de reforçar o contingente da Polícia Federal (PF) no estado contra supostos crimes eleitorais – como compra de votos, por exemplo.
Segundo investigadores ouvidos pelo blog da jornalista Andréia Sadi, Anderson deu ordem para os agentes federais interromperem o fluxo de eleitores na região a fim de prejudicar a eleição do petista Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com a publicação de Andréia, edição desta segunda-feira, 3, a presença de Torres na Bahia chocou investigadores ouvidos à época pelo blog, e é classificada como pressão do governo Bolsonaro à superintendência regional para favorecer o então presidente da República com o uso da máquina. A PF é polícia judiciária e tem a realização de investigações como uma de suas missões. Já a PRF é polícia ostensiva – e atua, por exemplo, na fiscalização de rodovias.
Na gestão Bolsonaro e nas eleições, o ministro da Justiça, segundo investigadores da PF, pressionou para que a PF atuasse como a PRF, então comandada por um indicado da família Bolsonaro – Silvinei Vasques, que está na mira da Justiça, inclusive, por sua atuação nas eleições.
Torres foi escalado por Bolsonaro para colocar em prática no Nordeste, por ser uma região majoritariamente pró-Lula, o plano da campanha bolsonarista envolvendo o uso político da Polícia Rodoviária Federal no dia 30 de outubro, segundo turno da eleição – diz a jornalista da GloboNews.
Naquele dia, a PRF realizou múltiplas blitze e parou veículos que transportavam eleitores em todo o país. A maior parte das operações – que haviam sido proibidas no dia anterior pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Alexandre de Moraes – aconteceu em estados do Nordeste.
Anderson Torres, um dos principais aliados de Bolsonaro, tinha ciência do mapa feito por integrantes da campanha do ex-presidente em que foram apontadas as regiões do país em que Lula era mais forte.
A viagem de Torres à Bahia foi vista com estranheza por integrantes da Polícia Federal. Torres não foi só: estava acompanhado pelo então diretor-geral da PF, Marcio Nunes.
A Bahia é um dos Estados onde o presidente Lula tem a sua maior votação.
No primeiro turno, Lula obteve 69,7% dos votos no estado, enquanto Bolsonaro teve 24,3%. (Foto Reprodução)