“Voa Brasil” prevê bilhetes com preço popular para estudantes, aposentados e pensionistas com renda até R$ 6,8 mil. Beneficiados poderão comprar 2 passagens por ano, por R$ 200 cada uma, e parcelar o valor em 12 vezes. Ministro nega que haverá subsídio do governo
Viajar de avião ficará muito mais barato para aposentados, servidores públicos e estudantes. O ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), detalhou nesta segunda-feira (13) o “Voa Brasil”, programa com passagens aéreas a R$ 200 que será voltado a estudantes do Fies, aposentados e pensionistas do INSS e servidores públicos que ganham até R$ 6,8 mil.
A previsão é de que quase 12 milhões de passagens sejam emitidas por ano dentro do programa. Cada pessoa terá direito a duas idas e voltas para qualquer lugar do país, por R$ 200 cada. O pagamento poderá ser feito em 12 parcelas de R$ 72, por meio de financiamento da Caixa Econômica Federal (que ficará responsável por pagar as companhias áreas).
O ministro negou que haverá subsídio do governo, citou também o Banco do Brasil (BBAS3) além da Caixa e disse que a ideia é que as aéreas tenham um segmento dentro de seus programas de fidelidade dedicado ao programa. “O governo não entra com subsídio, ele ajuda a financiar, mas é tarefa da Caixa financiar. A diferença é que essas pessoas têm renda garantida. Vai ser uma espécie de consignado, quando der OK vai ser descontado da Previdência, do salário, não tem intermediação de banco, é 100% sem inadimplência”, explicou Márcio França.
De acordo com França, além do público-alvo do programa, outras pessoas com renda de até R$ 6,8 mil também poderão participar do “Voa Brasil”, mas não terão a opção de parcelar o preço da passagem. Ele destacou que as companhias aéreas brasileiras transportam cerca de 30 milhões de passageiros cada, com uma taxa de ocupação de 78% a 80%. Isso significa que aproximadamente 20% dos assentos ficam vazios em cada voo. O ministro argumenta que esses lugares vazios poderiam ser preenchidos por pessoas que normalmente não voam.
Em relação à venda das passagens, o ministro explicou que poderá ser feita por meio dos aplicativos da Caixa Econômica ou Banco do Brasil, uma vez que o público-alvo do programa já tem a renda vinculada ao governo, exceto os estudantes. Para esse grupo, será necessário desenvolver um mecanismo de financiamento.
Fora de temporada
As passagens a R$ 200 ficarão restritas a um período específico do ano, de menor demanda: da segunda metade de fevereiro até junho e entre agosto e novembro. O ministro diz que o programa pode começar já no segundo semestre, com 5% da capacidade ociosa das aeronaves. A porcentagem subirá 5 pontos percentuais por semestre, até chegar a 20%.
“Descobrimos obviamente que, durante os meses intermediários, aviões saem com 21% de passageiros a menos”, detalhou França. Na avaliação do ministro, o programa vai provocar uma redução no preço geral nas passagens, uma vez que reduz a ociosidade enfrentada pelas companhias áreas.
Na avaliação do governo essa é uma verdadeira revolução na aviação comercial brasileira. Conforme o ministro as ações das empresas teriam subido pelo entendimento de que a partir do programa “vão voar lotadas”. “Temos uma luta paralela, que é o preço do combustível de aviação [QAV], a gente quer que seja reduzido. Mas as companhias estão fazendo seu papel, oferecendo ao governo um voo mais barato para muitas pessoas”, disse Márcio França, ressaltando que a iniciativa abre espaço para mais empresas no mercado brasileiro.
“O número de aeroportos diminuiu porque voos ficaram concentrados em aeronaves maiores. Queremos várias empresas disputando, vai ter uma nova chegando agora que vai disputar mercado”.
Crítica
O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro do Desenvolvimento Regional do governo Bolsonaro criticou a proposta do governo de criar um programa para reduzir o valor das passagens aéreas. “Sério? Como sabemos não existe almoço grátis. Alguém vai pagar essa conta. Adivinha….”, disse em sua rede social assim que o ministro França anunciou o programa. Nos bastidores do Congresso a ideia é se mobilizar para barrar o avanço desta proposta com cunho social do governo. (Foto:Ricardo Stuckert/PR/Divulgação)