“Nossa maior comemoração é a derrota do Bolsonaro”, diz deputada Fernanda Melchionna sobre o dia das Mulheres

Para a deputada Fernanda Melchionna (RS), vice-líder do PSOL na Câmara dos Deputados, o Dia Internacional das Mulheres, celebrado neste dia 8 de março, não é um dia de festa. É uma data de luta e mobilização pelos graves problemas de gênero que persistem em todo o mundo. No entanto, ela defende que, este ano, as mulheres brasileiras têm um motivo muito especial para comemorar: a saída de Jair Bolsonaro da presidência da República.

“E tenho convicção que foi pela maioria do voto feminino, e por meio da indignação e luta das mulheres, desde o #EleNão até o último pleito”, argumenta. “Nunca tivemos um governo que atacasse tanto as mulheres como o de Bolsonaro. O corte do orçamento para políticas públicas voltadas para a defesa da mulher foi brutal, sem falar nos ataques misóginos e machistas do próprio presidente a jornalistas, parlamentares e ao conjunto das mulheres brasileiras”, complementa a deputada.

Em entrevista ao Opinião em Pauta, a parlamentar destaca o desafio de enfrentar a extrema direita que ganhou mais espaço no Congresso Nacional e o processos de “desbolsonarizar o Brasil”. “Nossa principal missão neste ano é lutar para que Bolsonaro pague pelos tantos crimes que cometeu, desde a negligência na pandemia, passando pela corrupção no MEC, pelo genocídio indígena, pelo desmatamento recorde, até o mais recente escândalo das joias de Michelle que tentaram trazer ilegalmente para o Brasil. A lista é imensa”, destaca.

Confira a entrevista:

 

Opinião em Pauta – Depois destes últimos anos de desmonte das políticas para a população feminina, o que, na sua opinião, as mulheres tem para comemorar neste 8 de março?

Fernanda Melchionna – A primeira coisa que podemos comemorar é justamente a derrota eleitoral de Bolsonaro. Tenho convicção que foi pela maioria do voto feminino, e por meio da indignação e luta das mulheres, desde o #EleNão até o último pleito, que Bolsonaro perdeu as eleições. No entanto, o 8 de março não é uma data apenas de comemoração. É uma data de luta! Nunca tivemos um governo que atacasse tanto as mulheres como o de Bolsonaro. O corte do orçamento para políticas públicas voltadas para a defesa da mulher foi brutal, sem falar nos ataques misóginos e machistas do próprio presidente a jornalistas, parlamentares e ao conjunto das mulheres brasileiras. Neste 8 de março, vamos às ruas para pedir mais políticas públicas em defesa da vida das mulheres, mas também para pedir justiça e a punição de Bolsonaro diante de todos os crimes que ele cometeu nos últimos quatro anos.

 

Opinião em Pauta – A vitória do presidente Lula encerrou uma gestão desumana do ex-presidente Bolsonaro. No entanto, o Bolsonarismo se mostra mais vivo do que nunca, sobretudo no Congresso Nacional. A bancada conservadora é a maior desde a redemocratização, o que deve impor muitas dificuldades ao andamento das pautas progressistas defendidas pelo governo Lula. Como a senhora avalia este cenário e de que forma a sua presença pode contribuir neste embate?

Fernanda Melchionna – Certamente será um período difícil e de muita luta, tanto para avançarmos nas pautas progressistas, quanto para barrarmos os absurdos que a extrema direita tenta aprovar. No entanto, eles não têm mais a caneta na mão, e isso ajuda muito. Mas tendo maioria conservadora na casa, se torna ainda mais essencial que a mobilização de fora para dentro seja firme e intensa. A pressão popular sobre os deputados e deputadas é fundamental para que medidas anti-povo não avancem. É preciso estar atento, organizado e mobilizado. Quanto ao nosso mandato, sempre fomos linha de frente no enfrentamento a Bolsonaro e ao bolsonarismo. Eu fui a parlamentar que protocolou o primeiro pedido de impeachment de Bolsonaro, ainda em março de 2020, reunindo mais de 1 milhão de assinaturas. Obviamente seguiremos nessa tarefa fundamental que é enfrentar a extrema direita e desbolsonarizar o Brasil.

 

Opinião em Pauta – Qual a sua avaliação destes primeiros sessenta dias do governo Lula?

Fernanda Melchionna – O governo Lula enfrenta inúmeros desafios. Tanto com os ataques da extrema direita, como o 8 de janeiro e o parlamento majoritariamente conservador, quanto com a tarefa de reconstrução econômica e social do Brasil. Bolsonaro deixou o país esfacelado. Sabemos que este é um governo de conciliação e, portanto, pressionado pelos interesses econômicos do mercado, contrários aos interesses dos trabalhadores e trabalhadoras. O governo Lula é um respiro, depois da tragédia que foi o governo Bolsonaro. O desafio agora é apontar saídas para a profunda crise que massacra o povo e o imenso abismo social que existe no país, além de desbolsonarizar o Brasil.

 

Opinião em Pauta – Como a senhora tem visto a divulgação dos atos secretos do ex-presidente Jair Bolsonaro, como, por exemplo, o fato dele ter se vacinado contra a Covid-19, contrariando o seu próprio discurso? Na sua opinião, qual a participação do ex-presidente nos ataques terroristas de 8 de janeiro aqui em Brasília? E qual a atenção que o Congresso Nacional está dando a este atentado? No seu ponto de vista, qual deve ser o futuro do ex-presidente?

Fernanda Melchionna – A revogação de todos os sigilos de Bolsonaro é urgente. Bolsonaro se utilizou desta artimanha para esconder não só a hipocrisia do seu discurso, mas também crimes que cometeu contra o povo brasileiro. Evidente que Bolsonaro é o grande mentor intelectual do 8 de janeiro, tanto que está até agora nos Estados Unidos fugindo, se escondendo, com medo de ser preso. Nossa principal missão neste ano é lutar para que Bolsonaro pague pelos tantos crimes que cometeu, desde a negligência na pandemia, passando pela corrupção no MEC, pelo genocídio indígena, pelo desmatamento recorde, até o mais recente escândalo das joias de Michelle que tentaram trazer ilegalmente para o Brasil. A lista é imensa. E nós do PSOL estamos empenhados para que haja justiça de transição no país e Bolsonaro vá para a cadeia, que é o lugar que ele merece. Sem anistia!

 

Opinião em Pauta – A descoberta mais recente aponta que o governo Bolsonaro tentou trazer ao Brasil em 2021, de forma irregular, joias com diamantes avaliadas em R$ 16,5 milhões. Como a senhora avalia este caso e de que forma o Congresso Nacional pode contribuir nesta apuração?

Fernanda Melchionna – Mais um escândalo de corrupção para a coleção de Bolsonaro. A bancada do PSOL na Câmara protocolou uma notícia-crime no Ministério Público pedindo investigação para o caso das joias, além de busca e apreensão, quebra de sigilo telefônico, telemático e bancário de Bolsonaro, Michelle, do chefe da Receita Federal, Julio César Vieira Gomes, e do ex-ministro Bento Albuquerque. A representação também solicita que eles prestem depoimento imediatamente. Se comprovado o crime, como apontam todos os indícios, todos devem ser punidos.

(Foto: Mandato Fernanda Melchionna/PSOL-RS)

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