Bolsonaro sem imunidade e o futuro governo Lula. O que virá?

Hiroshi Bogéa – Encerrada a solenidade de diplomação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, na tarde desta segunda-feira, 12, a pergunta que diversos segmentos da imprensa nacional e internacional fazem é sobre o futuro do presidente Jair Bolsonaro e os desafios de Lula à frente do governo, a partir de 1º de janeiro de 23.

A primeira constatação é a comprovação de que  o atual presidente perdeu a batalha na tentativa de comprovar suas suspeitas de fraude contra o processo eleitoral brasileiro, e isto ficou cada vez mais difícil desde a noite de 30 de outubro, na medida em que  lideranças, como os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, reconheceram a vitória de Lula – e da própria declaração de Alexandre de Moraes, na noite do anúncio do resultado do segundo turno, proclamando Lula eleito.

Daquela noite de 30 de outubro, até a tarde da diplomação de Lula, o presidente Jair Bolsonaro  ficou em total isolamento, revelando estatura pequena de uma liderança política que terá dificuldades para liderar oposição ao futuro governo.

Se realmente tentar exercer este papel.

Nesse período, ocorrem protestos pontuais em portas de quarteis, da militância bolsonarista pedindo golpe de Estado e garantindo que os manifestantes  lutarão para impedir Lula de subir a rampa do Palácio do Planalto.

Claro, essa ousadia não ocorrerá – como não se registrou nenhum ato de protesto durante a solenidade de diplomação de Lula e Alckmin, como vinham prometendo as manifestações golpistas.

Pior é que Bolsonaro vai perder a imunidade parlamentar e os processos tramitando no STF e TSE contra ele podem avançar.

Mas o bolsonarismo como força política  continuar avançando?

Para alguns analistas,  se Lula trabalhar com a habilidade que ele possui – o bolsonarismo recua, tendo como marco percentual algo em torno de 18%, verdadeiramente o segmento mais radical e troglodita.

Em outro plano, é provável que a centro-direita ocupará o papel de deslocar aquele movimento, considerando que boa parte do segmento estava apoiando Jair Bolsonaro, políticos do PP, Republicanos, do próprio PSDB, e parecidos – isolando o bolsonarismo

Provavelmente, o atual presidente vai se manter no jogo político porque, caso contrário, o futuro judicial dele pode ser pior.

A reconciliação do país vai ser difícil, ainda que necessária.

Como garantem analistas políticos e sociólogos respeitados, o  bolsonarismo não foi totalmente derrotado, está muito presente, como o trumpismo continua a ser uma força presente e violenta nos Estados Unidos, como vimos no atentado contra o marido da democrata Nancy Pelosi.

O discurso de Lula na tarde desta segunda-feira, na sede do TSE, após receber seu diploma, foi para todos os brasileiros – não apenas para quem votou nele –  e isso é uma esperança.

Mas com ressalva de que os atos de tentativa de massacre à Democracia brasileira devem continuar sendo investigados, objetivando domar de vez espíritos fascistas daqueles que não convivem harmoniosamente com as liberdades e com os resultados eleitorais, seja quem for o vencedor.

O período de quatro anos de Bolsonaro à frente do governo, além de pesadelos e constantes ciclos de instabilidade política, imprimiu nas pessoas de bem um cansaço extremo cheio de desesperança, registrando-se fatos corriqueiros de violência e ameaças, chegando à divisão das famílias dentro de seus lares.

Bastou Bolsonaro ficar em silêncio, em sua reclusão voluntária, o país parece ter voltado à normalidade, como se um vento de calmaria soprasse pelos quatro cantos da Nação.

 

Desafios do governo Lula 

Ao acompanhar, pela TV, a diplomação de Lula, fiquei a imaginar o tamanho da responsabilidade a ser carregada pelo presidente eleito, embora se saiba que ele tem experiência, capacidade de articulação política e uma vontade imensa de não errar – como tem dito em quase todas as entrevistas.

Mas o peso é grande quando sabemos que a principal missão do presidente diplomado será  trabalhar pela unificação de um país dividido.

Este, sim, será  maior desafio do novo governante.

E Inácio da Silva deixa isto bem claro em quase todos os discursos, estendendo a mão para os eleitores que não votaram nele.

Agora, Lula tem de sinalizar como vai funcionar essa frente ampla, reunindo desde a esquerda radical até o centro-direita, explicar como isso vai se traduzir na composição do governo, que ele já começou a montar e, de repente, aparecendo a primeira ameaça de ruptura de uma importante protagonista em sua eleição.

A ausência da senadora Simone Tebet na solenidade de diplomação está sendo vista como um ato de aborrecimento dela com o andar das tratativas para a definição de ministérios.

Por isso, não é rompante meu afirmar que um sucesso do governo Lula seria conseguir uma transição entre um Brasil distópico que volta à realidade, incluindo todos aquele que o ajudaram na linha de frente.

Tarefa impossível, porque sempre haverá dispersões.

Outro desafio do presidente diplomado será compor com o novo Congresso Nacional para ter maioria política.

Para muitos, esse desafio não é nenhuma novidade para o petista, considerando que Lula já governou com um Congresso conservador.

Só que a diferença é que, agora , o número de partidos é menor.

Mas o fato é que essa nova composição não é da mesma orientação política de Lula

Entretanto, o maior desafio do novo governo será econômico, porque ele  sabe que tem que entregar resultados rápidos na economia para que a pobreza e a fome diminuam no país.

Essa preocupação o persegue tanto que deixa explícito  estar decido a focar muito em geração de empregos.

Sem resultados, essa divisão da sociedade tende a aumentar, e ai o bicho pega.

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