Neste domingo, 6, tema central do debate, a agroecologia foi citada de forma unânime como solução para o desenvolvimento da economia regional em detrimento de práticas ilegais habituais.
Em Belém, o Opinião em Pauta acompanhou o terceiro dia de Diálogos Amazônicos, evento que antecede a Cúpula da Amazônia, que bastante começou movimentado.
Pela manhã aconteceu a plenária “Mudança do clima, agroecologia e as sociobioeconomias da Amazônia: manejo sustentável e os novos modelos de produção para o desenvolvimento regional na região”.
A crise climática e a fome na Amazônia foram debatidas como partes do mesmo problema.
Entre 2019 e 2021, a partir da pandemia de covid-19, a prevalência da fome na América Latina e no Caribe aumentou em 28%. Mesmo com uma redução dos níveis de desmatamento de mais de 33% no primeiro semestre de 2023 em comparação com o ano passado, a monocultura da soja e da pecuária alimentam a grilagem de grandes extensões de território amazônico e ameaçam a vida das populações locais.
Para as autoridades, é preciso que o estado promova práticas sustentáveis.
“A agroecologia sempre foi praticada pelos povos amazônicos. Agora tem uma nova roupagem, um novo modo, mas vocês são os guardiões da agroecologia. Ela desempenha um papel importante na Amazônia porque fornece uma abordagem sustentável, resiliente, para produção de alimentos, ao mesmo tempo promove a conservação dos recursos naturais e melhora a qualidade de vida das populações. Preserva a biodiversidade, regula o clima, promove alimentação saudável, diversificado, contribuindo para segurança alimentar das populações amazônicas”, disse vice-diretora FAO, Maria Helena Semedo.
Suzana Muhammad, ministra do Meio Ambiente da Colômbia, chamou atenção para a crise climática, que aumenta a desigualdade entre os países e está ligada também ao aumento da fome. Para Suzana, é necessário que o estado se faça mais presente e promova soluções sustentáveis para a região. “Estamos chegando a um ponto crítico na humanidade. A crise climática também implica em desigualdade social. Os países da Amazônia estão sem o reconhecimento pleno de sua cidadania e assim é impossível recuperar a Amazônia. Há uma ameaça com a falta da presença do Estado em cada uma das regiões amazônicas. Ao invés do Estado, encontramos máfias ilegais. Nós temos que recuperar a Amazônia integralmente, trabalhando conjuntamente com a população”, disse.
Waldez Goés destacou, em entrevista ao Grupo Liberal, que a melhor maneira de lidar com a tecnologia e a ciência na Amazônia é respeitando os recursos naturais existentes e a sabedoria dos povos que vivem nela: “Temos como defesa permanente no desenvolvimento regional a valorização do conhecimento local, das iniciativas locais e também dos povos tradicionais. E também a defesa de conhecimento, pesquisa e tecnologia apropriada para essas vocações”.
Primeiro a falar, Waldez Góes, ministro paraense radicado no Amapá, destacou que o evento representa a reaproximação do Brasil com os países da América do Sul, algo que estava interrompido há seis anos, segundo o ministro. “É uma nova realidade que vivemos. O Brasil reabriu o diálogo com todos os países da Amazônia legal, isso reforça nossa identidade e ajuda a cumprir nossos desafios de pactuação dos acordos bilaterais. Lula quer restabelecer participação do Brasil em todas as agendas que tinha deixado de lado nos últimos seis anos. Vamos debater a mitigação dos eventos da mudança climática, a democracia, o desenvolvimento sustentável e combate a fome e a pobreza”, disse.
O debate contou com a presença da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, de sua homóloga colombiana, Suzana Muhamad, do ministro do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, de representantes do Peru e da Bolívia, além da vice-diretora da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Maria Helena Semedo. (Foto: Assessoria de Imprensa Diálogos Amazônicos)