Poeta Adélia Prado ganha o Prêmio Camões 2024, o mais importante da língua portuguesa

Decisão foi anunciada nesta quarta-feira (26). Romancista mineira de 88 anos ganhou na última semana o Machado de Assis, maior distinção da Academia Brasileira de Letras

 

A poeta, professora, filósofa e romancista mineira Adélia Prado conquistou o Prêmio Camões 2024, um dos mais importantes da literatura da língua portuguesa. O anúncio foi feito pelo Ministério da Cultura de Portugal nesta quarta-feira (26). Os jurados Deonisio da Silva, Ranieri Ribas, Dionisio Bahule (Moçambique), Francisco Noa (Moçambique), Clara Crabbé Rocha (Portugal) e Isabel Cristina Mateus (Portugal) decidiram a premiação nesta manhã de forma virtual.

Na semana passada, ela venceu o prêmio Prêmio Machado de Assis, a mais importante honraria da Academia Brasileira de Letras (ABL) e uma das mais tradicionais do país. “Adélia Prado é autora de uma obra muito original, que se estende ao longo de décadas, com destaque para a produção poética. Herdeira de Carlos Drummond de Andrade, o autor que a deu a conhecer e que sobre ela escreveu: “Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo. Adélia Prado é há longos anos uma voz inconfundível na literatura de língua portuguesa”, comentou o júri.

Por meio da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), entidade vinculada ao Ministério da Cultura (MinC) e do Governo de Portugal, o valor da conquista é de 100 mil euros, um dos maiores do mundo da literatura. A premiação é uma parceria entre Brasil e Portugal para estimular os laços culturais entre as nações que integram a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e enaltecer a literatura da língua.

O Prêmio Camões foi instituído pelos governos do Brasil e de Portugal em 1989. No ano passado, o cantor Chico Buarque, participou de uma cerimônia para receber o troféu vencido em 2019. Na época, o então presidente Jair Bolsonaro se recusou a assinar a documentação para que ele recebesse o diploma. A pandemia de Covid-19 também atrasou a cerimônia, que foi realizada em abril de 2023, em Sintra, com a presença do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Nascida em 1935, na cidade de Divinópolis, em Minas Gerais, Adélia Prado é considerada por muitos a maior poeta viva do Brasil. Seu primeiro livro de poesias, “Bagagem”, de 1976, foi elogiado por poetas como Carlos Drummond de Andrade. Professora por formação, ela exerceu o magistério durante 24 anos antes de se consagrar como escritora. “Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo”, escreveu ele em uma crônica no Jornal do Brasil.

Seu trabalho é marcado por uma profunda sensibilidade para questões existenciais. Seus poemas combinam misticismo e cotidiano, abordando temas como vida interior, religiosidade e o feminino. Entre poesia, prosa e antologias, Adélia já publicou mais de 20 livros. Ela é conhecida por escrever do ponto de vista de mulheres dedicadas à família, assombradas pela morte, que gostam de sexo e temem a Deus. O poeta Affonso Romano de Sant’Anna já afirmou que “Adélia não usa uma linguagem de empréstimo aos homens”, mas “está ali pisando no seu chão”, “com um caderno de poesia ao lado do fogão”.

(Foto: Tiago Queiroz/AE)

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